sábado, 24 de agosto de 2013

felicidade-poesia

descalça-te, por favor, para ler isto.

(adenda ao post anterior)

: a expressão genuína que os do norte dizem e os do sul só pensam: foda-se!

o sul com os olhinhos no norte: que justa maravilha

quem gosta de blogues, e de blogueres, não sei se existe esta palavra assim mas é assim que gosto, como eu - de bons blogues, reforço -, tudo tem significância. aliás, no mundo tudo é para ter significância com excepção do que excluímos de significado e aí, não existindo, nada significa. desde os autores aos conteúdos, cada blogue é um amigo (e agora é impossível não lembrar a canção: que devemos bem tratar...) ou, melhor, a casa de um ou mais amigos, que frequentamos e tantas vezes nos sentamos a conversar. também os há que, apesar de sofá na sala, nunca, ou poucas vezes, estão com pachorra para conversas - tantas vezes lançamos perguntas e nem sequer nos respondem: olham-nos mas ficam calados. talvez a vida não lhes corra ou tenham dores de garganta ou barriga ou de dentes, quem sabe, mas disso alguns padecem e assim hão-de morrer. a verdade é que ao mesmo tempo que fazem destas suas casas espaços de exposição e discussão de ideias também as não asseiam - deixam acumular lixo e nem sequer abrem as janelas. isto é curioso para quem deixa a porta aberta. adiante. mas o pormenor que mais me fascina é aquele do você, está a ver? se são visitas esporádicas, entende-se. se são amiúde, com chá e biscoitos e prosa, onde é que cabe a distância fria e merdosa do você? também é verdade que no sul há bem mais merdeiro do que merda em relação ao norte mas podíamos todos melhorar isso: os do norte a continuarem a ser excelentes hospitaleiros e os do sul a reduzirem a taxa de merdices pondo o olhinho no norte. parece me justo.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

o criador

o criador apresentava, finalmente ao mundo, a nova gama de vaselina que, dia após dia, durante sete longos anos, tinha preparado. um pouco mais de óleo de rícino aqui, um cheirinho de petróleo acolá até a parafina líquida estar no ponto: não num ponto qualquer mas no ponto de exclamação das gentes perante a novidade que vinha aí.

(vir é sempre bom e a espera do vir pode, de facto, surpreender)

começou por testar o seu bebé (aquilo que fazemos com amor é sempre um rebento em branco) junto de vários estratos sociais. visitou muitas, muitas, casas e foi oferecendo amostras para, na semana seguinte, recolher informação sobre a textura e a utilidade que lhe dariam. numa casa, foi recebido por um senhor abastado que tinha descoberto uma utilização medicinal – aplicava a vaselina nos joelhos e cotovelos dos filhos sempre que se esmurravam e estava bastante satisfeito com a sua suavidade; na segunda casa tinham-na usado, na mecânica, para lubrificar os rolamentos da bicicleta e do aparador da relva; numa terceira casa, um operário, barba desfeita e hálito de intestinos de pato, disse-lhe que lhe tinha dado um uso meramente sexual: besuntava, todas as noites, a maçaneta da porta do seu quarto para os filhos não a conseguirem abrir.

entre todas as residências que visitou, esta última foi realmente a que mais prendeu a sua atenção – não pela utilização em si mas pela tomada de consciência de que, sem dúvida alguma, é a inconsciência de cada um que acarreta tantas finalidades diferentes. 

ninguém, porém, tal como ele, se lembrou de simplesmente não experimentar, não sentir a textura, não dar qualquer utilidade à vaselina; ninguém, tal como ele, se lembrou de, simplesmente, lhe responder que se excluiu do teste sem, daquela parte sem parte; da parte de não fazer, de não usar – o que o deixava a encher-se, pelo vazio seu e só seu, de júbilo.

a parte sem era, foi, sem dúvida, aquela em que, por enchimento, se excluiu. excluiu-se sempre de tudo o que o enchia, do que o tocava – e tocava-se, isso sim. tocava-se para se orgulhar do sem que era, do que com tudo sem tudo era. e abandonou o teste porque a única experiência que afinal de contas lhe interessava era a de reconhecer, em si, a exclusividade, a consciência da inconsciência. pensava, por todo si, que por melhor que fosse a sua criação nunca iria de encontro a si.

(ouvia, amiúde, de si, para si, a graçola do “e si sou boa comómilho porque não me queres?” e ria, ria, perdido numa nuvem balofa que lhe dava sempre nota cem)

por mais que a criação fosse boa como o milho, não se cansava de gritar que não era galinha – detestaria, aliás, ser a típica galinha que vive a olhar os céus e a pedir a deus que lhe dê outro sexo porque o único que tem (e a utilidade que lhe dá) enfada-o. por mais que a criação fosse maravilhosa, não a queria, recusava-se a partilhá-la com a sua outra parte que não a de criador – consigo mas sem si, sempre sem si, percorreria os caminhos e até os atalhos da ciência, do laboratório, das ruas com casas com gentes lá dentro, como num ciclo – não vicioso – virtuoso que o ajudava, mais e mais, a reduzir-se, a desfalcar-se de si em honra de si.


**

passaram dez anos, entretanto, e o criador explora o sem si no expoente máximo: bate na porta das casas das gentes, sem mostrar alegria ou entusiasmo, e aguarda, sem agitação e curiosidade, que adivinhem, sem consciência, ao que vai, qual o produto que quer testar e o que pretende saber. pretende, agora, sem fim e sem cabo, dar um novo significado à palavra sentir.

a chuva do Bidarra

também cai aqui. e lá.

vinte mil pessoas e um funeral

cheiinho de flores viçosas. e contadas.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

nascia a ideia da Europa no século dezanove. valeu a pena?

estamos agora no século dezanove, façamos uma breve viagem, e bismark, o homem alemão da política pela força, falava em “falar europa”, prelúdio do discurso de renouvin – decano das relações internacionais de solidariedade entre povos -, que apresentava ao mundo o problema da criação europeia como federação ou comunidade. e dizia problema pela sábia visão da diferença daquilo que era, e continua a ser, o discurso (com tudo o que os vocábulos comportam em termos míticos, linguísticos, estéticos) e a acção que implica sacrifícios, opções, integração no real organizado e dependente das circunstâncias.

sem querer esquecer qualquer outro contributo importante no percurso da ideia da europa é impossível não referir emeria curcé que publicou, em 1633, o livro "nouveau cyrée", em que defendia a criação de uma assembleia permanente de arbitragem, que ao mesmo tempo garantiria a paz e favoreceria o desenvolvimento das trocas internacionais; e depois o “grande desígnio” que sully, seu conselheiro, atribuiu a henrique iv defendendo a europa em quinze estados e um conselho comum; e william penn quando publicou, em 1693, o "ensaio pela paz presente e futura da europa", no qual considerava que deveria ser constituída uma assembleia de  representantes dos estados europeus que tomariam decisões por maioria de 3/4 dos estados - as decisões tomadas poderiam ser impostas coercitivamente por uma  força armada a formar; do abade de saint-pierre, 1712, em "projecto de paz perpétua", defende a criação de um parlamento europeu que teria competências legislativas e judiciais; ou de kant, espírito liberal individualista, onde os colectivos identitários que denominamos de nações deviam ser diluídos em troca de uma “pacífica” colecção de indivíduos sob o mesmo estado federal; ou quando, em 1849, victor hugo lança um apelo a favor da criação dos estados unidos da europa.

poder. generosidade. solidariedade. coerência. todos estes homens, estadistas ou pensadores, que importa?, projectaram – muito mais do que um continente de força – valores. curiosa e lamentavelmente assistimos, mais de cem anos depois, a um problema – ao mesmo problema que renouvin, o decano lá de cima, explanou: a união do discurso não acompanhou a acção: ficaram, têm ficado, de lado os valores – vence o poder. os sacrifícios de uns são a glória de outros; as opções de alguns são ganância e de outros circunstância.
existe comunitarização de todas as matérias?
as decisões em domínios cruciais são adoptadas por maioria?
a comissão tem um grande poder de iniciativa?
o parlamento europeu tem um enorme poder no processo legislativo e exerce um efectivo controlo político?
o tribunal de justiça tem real competência perante todas as matérias?

valeu a pena?

Espirito Empresarial Responsável + boa vontade+ esperança


ouvi assim

as palavras, algumas, deixam a alma lavada.

(sim, é verdade, mas e as outras, outras, não são pêlos soltos e esquecidos, porque imprestáveis, no bidé?)

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

viveliotecas

as bibliotecas já não são o que eram: são, têm vindo a ser, melhores. as primeiras, materializadas em placas de argila, onde se registavam contas de tempos e de trocas comerciais, datam de há 3000 anos antes de cristo. a primeira biblioteca pública de que há conhecimento localizava-se em atenas e constituía, na graciosa grécia clássica, além de consulta de manuscritos, local de encontros para discussão e elaboração de projectos. na história ficou igualmente a biblioteca de alexandria – espaço com milhares de rolos de pergaminhos para leitura, oficina de copistas e arquivo de documentação oficial. mas terão sido os romanos os primeiros a fazerem das bibliotecas públicas instrumentos de dominação intelectual - propagando-se, assim, as bibliotecas particulares como símbolos de riqueza e prestígio -, uma moda.

foi nesta época que os copistas começaram a surgir em massa – trabalho desempenhado por escravos – assim como os codex em pergaminho que substituíram os, até então, rolos de papiro. seguiram-se guerras e destruições que travaram a expansão das bibliotecas e a concentração dos resquícios manuscritos em mosteiros, conventos e castelos feudais: aqui aqueles eram conservados, copiados, traduzidos e ilustrados mas também monopolizados e tornados inacessíveis ao povo. no mundo árabe a expansão destes locais foi impressionante durante a alta idade média, fazendo a delícia de professores e estudantes no reino da matemática, astronomia e filosofia.

 com o surgimento das universidades, na europa, os livros passam a ser um luxo intelectual, apesar de acorrentados para inibir o roubo, partilhado. o livro reencontra o simbolismo de riqueza e de prestígio na idade moderna que gutemberg, esquecê-lo é pecado, em muito contribuiu. que maravilha. nascia o primeiro livro impresso que vinha a permitir a transmissão do conhecimento a uma escala nunca antes vista. apenas, no entanto, no século dezassete as bibliotecas viriam a ser públicas quebrando-se a excepção de frequência a sábios. é no século dezoito que surgem as bibliotecas nacionais e no século seguinte é fundada a maior biblioteca do mundo, nos eua, a do congresso. aos antigos conceitos e actores do mundo do livro juntavam-se o autor, o impressor, o livreiro, o editor, o bibliotecário e, finalmente livre, o leitor.


mudaram-se os tempos, assim como as vontades e as necessidades: o combate ao analfabetismo e a cada vez maior preocupação com a educação deixaram, de vez, as portas abertas ao livro no século vinte, século que fez desenvolver, e instituir, um novo mundo ao mundo do livro. nos nossos dias as bibliotecas não possuem apenas um carácter documental e informativo in loco – antes deixaram que o tempo lhes refrescasse as tecnologias e os recursos e, ninguém lá longe alguma vez imaginou, entra-nos casa adentro, espaço físico superado, por via virtual. e esta, hein?

terça-feira, 20 de agosto de 2013

refas­te­lado, não irado, é como não diz a cobiça — de quem não tem olhos de lince: uma injustiça.


ai que bom!



gang dos cotas

raramente um programa de riso me faz rir e há muito tempo que não gargalhava a ver um - chama-se gang dos cotas e além de promover o riso, ai o riso!, promove igualmente o trabalho sénior. e lá estão eles, sete actores séniores e malandros a mostrarem que são bons e os melhores. a componente do inesperado e, ao mesmo tempo, do inesperado com banda sonora foi a que me cativou. e depois a naturalidade com que fazem aquilo vem dar-nos a certeza de que a idade em frequência acumulada é fonte de experiência e sabedoria. façam mais. quero mais.


Nós, os estúpidos

mais um textinho maravilha

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

esperança

e a lua gorda de esperanças não é a melhor esperança que há?

Judite Cabra Sousa



não havia, certamente, nada mais interessante a explorar, em horário nobre, do que a vida de um puto que nasceu e há-de morrer rico: eis a primeira miséria. depois começam as perguntas em tom sarcástico e esgar de nojo, uma atrás da outra, como se ter dinheiro, muito dinheiro, fosse um crime horripilante - uma falha que desmerecidamente não sofre castigo. cabra. acaso a Judite vive de algum salário miserável e veste roupas da avó ostentanto, desta feita, valores anti consumistas? não. a cabra da Judite ganha uma fortuna mensal para dar aos portugueses notícias interessantes e que, de alguma forma, lhes aumente a bagagem de informação útil. ao invés, a cabra decide transportar a crise e a incompetência do governo para um miúdo que caga notas e que, por isso, havia de as distribuir por cá para a curva da recessão minguar; a cabra nem se lembra de que também ela é uma privilegiada e fútil - ou não daria importância à vida de alguém que apenas vive o dinheiro que tem da forma que melhor lhe convém - e invejosa. sim: a Judite além de ser cabra é invejosa.

(mas pode ser que para o ano o moço lhe pague a viagem e a estada para o seu aniversário. e um lifting ao cérebro, já agora,  que o saláriozinho dela não deve chegar.) 

parece pele triste,dura, enru­gada, de medo — ele fun, te gusta?, parece ser mas não é rochedo.

alguém


tempo que fala, calando, é tempo de ficar
tempo que fala, calando, é tempo de andar
só não é tempo a correr - como ao tempo que se diz que é o tempo a passar

domingo, 18 de agosto de 2013

guerra das trinchonas

vai lá saber-se porquê ando, há uma dúzia de dias, a receber convites de mulheres para exploração de intimidades em diversas e diferentes frentes da internet. andará o meu email a circular em uma espécie de guerra das trincheiras, trinchonas vá, da homossexualidade? a umas ainda respondi com graça e desdém mas a outras, às que se seguiram, decidi ignorar-lhes as pretensões - não por falta de educação mas por considerar que cortesia não é mandá-las a todas para a puta que as pariu, já que não me apraz o assédio sexual, per si, seja em que categoria de gente for. andor carrapatices!

a felicidade é relativa

espelho

sábado, 17 de agosto de 2013

manifestação dos pessoinhas

quando começam a rebentar os balões os pais zangam-se, não há direito. não há direito de as festas de aniversário dos pequenos serem, do início ao fim, para os grandes. tudo começa na escolha das comidas: camarão, frangos, empadas, rissóis e pataniscas, bolos gordos de creme, batatas fritas, refrigerantes, vinho, cervejas. está bem, há o bolo em pasta de açúcar do homem aranha e a mousse de chocolate mas e o resto? qual é a criancinha de três anos que pode beber um copo, seja do que for a não ser água, ou encher a pança de fritos ou lambuzar-se de marisco? pois. depois a música ambiente é aquela agradável à conversa, à conversa dos convidados dos pais obviamente, não havendo espaço para cantigas para saltar e berrar por conta de o barulho ficar insuportável. e depois há os balões, coloridos e de todos os feitios, que são interditos ao estouro. ora não é justo. as festas de crianças, e em particular as de verão, são para encher a casa de pirralhinhos que querem andar descalços e com a fruta de fora; são para encher e rebentar balões com água; são para enfartar as mesas, mesas proporcionais ao seu tamanho e não aquelas para eles inalcançáveis, de guloseimas e sumos naturais e as comidas preferidas; são para as vozes adultas se calarem a ouvir as barafundas dos pessoinhas. e é por isso que eu proponho uma manifestação dos miúdos a favor das festas de aniversário exclusivamente infantis. querem aproveitar as festinhas para estarem com os amigos, beberem uns copos e deitar conversa fora, querem? então arranjem tempo, pais. arranjem outro tempo - é que esse é deles e para eles. certo?

Moinho abandonado em 1866, Sorrento, Itália.

parece miragem, já foi moagem, mas é castelo de ver - para que servem os olhos, pérolas da fronte, senão para deslumbrar o ser?


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

se

se ela fosse molho era ele guardanapo
uma caneta preta em transparente acetato
cobria-lhe a pele caiada
adentro dos dias claros e afora madrugada
quicumba de sabedoria lhe sobrava
chiste sorriso
delícia
psilo de doce
paixão
lux
mão

identidade

este Valupi esgaça o anonimato como ninguém, é fabuloso e só me apetece dar-lhe beijos.

brisa-me

uma brisa de ar fresco maravilhosa.

terapia

há uma boa dose de gente que, sem dúvida, precisa de terapia da boa: ter a pia cheia de cuecas sujas para lavar deixando, assim, de se meter na vida dos outros. é a chamada terapia get a life acaso sejas um amante dos vocábulos estranjas para ornamentar a coisa.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

a propósito de uma conversa que ouvi

disse assim, uma para a outra: claro que vamos de férias para fora e em vez de uma batata come-se meia. 

ou seja, há pessoas que preferem cortar em bens essenciais do que nos acrescidos - tal e qual em parelha com o governo. não perceber que a saúde depende muito da alimentação é a mesmíssima coisa que compartilhar a ideia de que a reforma do IRC traz o consequente aumento dos recursos para investir no futuro. enfim.

foler

olha onde se chupa mais a literatura erótica: em Surrey.

sound + vision: John Turturro & Woody Allen

sound + vision: John Turturro & Woody Allen: Um homem recebe do seu amigo mais próximo uma sugestão inesperada para resolver os seus problemas financeiros. A saber: a venda de favores s...

socorro!

por aqui e acoli, confirma-se: a inteligência anda a ser vítima de bullying.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

pensamento das cinco e meia da tarde

não sei bem se o meu cérebro está mais cansado que o cavalo do Quixote ou que um órgão barroco.

descoberta

(Malinev Marinov - se não é assim, inventei)

quando era pequenina tinha amiúde o mesmo pesadelo: acordava sufocada depois daquela sensação terrível de cair numa espiral e nesses dias, nessas noites, julgava ser o pesadelo uma das piores coisas da vida - como se fosse, e era, um castigo que eu não podia, de todo, controlar. o que fazia de mim impotente. agora sei que pior do que ter um pesadelo e acordar sufocada é estar a dormir tranquilamente e acordar com realidades tristes e, um sufoco, não conseguir voltar a adormecer. 

creio que ainda sou pequenina, pelo menos até à próxima descoberta.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

panelaterapia

tens pão? então parte às fatias, em abundância, e enche - até tapar - o recipiente com água fria. deixa ficar. bastantes alhos partidos, ou esmagados, são precisos. mete-os no tacho com uma folha de louro e rega com azeite, carrega na generosidade. entretanto, porque ainda é cedo, esfia quatro lombos de bacalhau. então, mete o alho a alourar e de seguida o bacalhau. mexe lentamente e quando sentires que está a colar ao tacho é porque é horinha de juntares o pão em água fria. afina o sal e dá um cheirinho de pimenta preta. vai mexendo lentamente e desembaraça quatro ovos lá no meio até ficarem em fios cozidos. desliga. a salsa está picadinha? muito bem, agora só falta azeitonas pretas e muito apetite. no fim, vais esboçar um sorriso enorme e a língua teimosa não vai querer sair dos cantos para dentro.

é açorda-maravilha de bacalhau, pois claro! e vai bem com este som à moda dos 80:


jefe

há dez anos, mais ou menos, esta canção estranha fazia, e ainda me faz, galopes de riso. na verdade, esta é a lengalenga que ensino aos filhos das minhas amigas mal começam a falar - não há um único que não saiba dizer: jefe, ven aca pa ca! e hoje, a menina que cantava isto quando vinha de Sanxenxo já está uma senhora adolescente. ontem lembrou-se de enviar para partilhar riso - e resultou.


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

como se distingue um homem altamente básico dos outros?

o homem altamente básico possui um grau de boa disposição directamente proporcional ao processo de esvaziamento dos testículos.

vinte filmes do AH para ver online ou descarregar


aqui

vento: matéria prima e obra






A Rare BBC Interview of Andy Warhol, 1981

The iconic artist on happiness, creative process, the allure of repetition, and the importance of going through the world with kindness.

olhos em chuva que fazem olhos de sol

há homens assim. acabara de completar setenta e seis anos, é um ano mais novo do que ela, mas aparenta bem menos. taxista de profissão passa o tempo fora de casa. foi sempre assim: duas famílias, um filho de cada uma, muitas mulheres reles, e uma só vida. cheia. não conta muitas histórias a não ser sobre Penafiel, a terra onde nasceu e cresceu - fala das vinhas cortadas a corridas e saques de fruta, das quelhas em terra batida e do arroz do forno a lenha. ela nunca saiu de casa nem deixou de ter o almoço pronto ao meio dia em ponto para ele, por causa dele, que vinha de trabalhar e de ir de seguida ter com a outra família que ela desconhecia. e hoje, entretanto ele teve de assumir o outro filho e fazer descair a mentira, ainda é assim. e ele resiste, como nunca vi antes, à idade: faz questão de manter a mesma alimentação, de fazer os mesmos horários com o táxi, de ler muitos jornais e encher de tinta as palavras que por lá se cruzam. recusa-se a fazer qualquer actividade onde haja um aglomerado de pessoas da sua idade. e é por isso que lhe chama velha quando se irrita, em enxurrada de palavrões, e repete, velha és uma velha. os olhos dela mantêm-se firmes mas molhados, talvez por se sentir velha. mas ser mulher é esta maravilha: conseguir, sabendo o que se é, não chamar velho ao homem mais velho do mundo para que os seus olhos, pequenos sóis de uma vida, nunca fiquem em chuva molhados.

domingo, 11 de agosto de 2013

estomas

desconhecia-lhes a beleza - e o nome: parecem rosas, ou talvez também camélias, mas não são. não têm espinhos como umas nem vestem tantas saias como as outras. senhoras e senhores, apresento-vos as estomas.


sábado, 10 de agosto de 2013

é proibido

não chupar os miolos aos peixes
não comer frango com as mãos
não abrir a boca quando se come chocolate
não lamber os dedos depois do marisco
não descalçar os pés debaixo da mesa
não deixar cair molho no peito
pois é.

coisas que fazem corar

Labirinto ou Alguns Lugares de AmorO outono 
por assim dizer 
                   pois era verão 
forrado de agulhas 

a cal 
rumorosa 
do sol dos cardos 

sem outras mãos que lentas barcas 
vai-se aproximando a água 

a nudez do vidro 
a luz 
a prumo dos mastros 

os prados matinais 
os pés 
verdes quase 

o brilho 
das magnólias 
apertado nos dentes 

uma espécie de tumulto 
as unhas 
tão fatigadas dos dedos 

o bosque abre-se beijo a beijo 
                                        e é branco 

Eugénio de Andrade, in "Véspera da Água"

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

trança

só quem tem paixão por cabelos compridos percebe a curiosidade por saber fazer tranças. sim, porque as tranças não são um penteado qualquer. as primeiras tranças percebem-se nas estátuas de Vénus de Brassenpouy e Vénus de Willendorf, vinte e dois mil anos antes de cristo, mas é na imagem da Cleópatra, no antigo Egipto, que elas aparecem perfeitas, lindas, inspiradoras, simbolo igualmente de riqueza e de proximidade das divindades. depois, no império romano, a forma arredondada com que elas enfeitavam os cabelos pelas tranças era deliciosa - tal como na Grécia antiga, idade média. igualmente os celtas e os chineses faziam delas rendilhados importantíssimos. ademais, a literatura e o cinema estão repletos de tranças e de significância, qual o pormenor que o sendo não a tem? a verdade é que hoje em dia o frenesim das cidades desmotiva o uso da trança - até os penteados são escolhidos levando em consideração, não a beleza potencial que um cabelo comprido oferece, o tempo de secagem e de arrumação. mas não lamento: cada um usa o que quer e eu não prescindo das tranças. vai daí, tinha muita curiosidade em aprender a fazer a trança embutida e a outra que é espinha de peixe. e agora já sei, iuuuuppiiiii!


retrato rápido de cada município

aqui

o governo anda preocupadíssimo com o apoio às famílias dos suicídas



T4 e T5 afinal é para todos

how brains see

anedota

afinal o desemprego está a diminuir

La Cage Dorée

viva Portugal, por entre o Douro e as vinhas e a alegria da mesa com bacalhau e vinho e riso - a família -, é o início por ser o fim. explico: é esta mensagem de união e de alegria tosca de que somos feitos que interessa agarrar. está bem, o português é aquele a quem custa dizer não, honesto, trabalhador, um aguentador por natureza - mas por uma natureza simples, como se quer. Portugal é o fado na voz e na vida, lágrimas imprescindíveis; é a soltura das palavras bravas, genuínas; é o riso dos parentes, porque presentes; é a mesa farta, porque grata. 

e é por isso que nós, portuguesezinhos, não podemos deixar que homens corruptos e sujos nos ofusquem o dentro - havemos de conseguir não deixar que Portugal deixe de ser aquilo muito mais do que isto: é ali, no fim do filme em fundo de Rodrigo Leão, que temos de ser e estar. e será essa a luta maior a travar - tornar intocável a nossa identidade, aquilo de que somos feitos, aquilo que nos faz - a todos - chorar e rir: aquilo que é sentir no peito o orgulho de ser português. não obstante a merda que o homem do poder fez.


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

scones al cá & nela

300gr de farinha
1 colher de sopa de fermento em pó
1 colher de chá de sal
3 colheres de sopa de açúcar
8 colheres de leite morno
100 gr de manteiga

até aqui nadinha de novo: esmaga-se e apalpa-se com as mãos até a massa ficar consistente e macia. mas depois, antes de fazer bolinhas irregulares antes de meter ao forno a 150º, faz-se um buraquinho a meio, com o mindinho, e sopra-se canela - bem ao de leve - para dentro. aqui está a inovação. e deliciosa.

nova descarga

de trezentos e setenta e cinco. aqui.

e esta, hein?

Jesus, o "revolucionário judeu com consciência política".

uma ideia gira,

gira. espalhada por este gatão.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

caçadeira

a propósito desta notícia. à primeira vista é apenas mais um caso de salvaguarda dos direitos da criança e que não refere em que se baseia o tribunal para quarenta e oito horas depois de ser parida meter uma criança em uma alcofa e levá-la dos pais, da mãe. depois, bem vista e atendendo aos factos - e não apenas à interpretação que nos é oferecida pelo jornalismo sensacionalista e redutor - bem explicados pelo Quintino Aires, percebe-se que já não podem haver crianças, adolescentes neste caso, rebeldes - por um lado - nem autonomia de os pais castigarem os filhos - por outro -, nem sensibilidade por parte da segurança social naquilo que é inibir um recém nascido de ser amamentado e provar do calor materno. em que mundo é que os pais não podem atribuir castigos, privando-os do que querem ou dando-lhes o que não querem, aos filhos sob o argumento de humilhação? não estamos a falar de cortar um dedo mas do cabelo nem de a obrigarem a comer merda mas sopa - é isto uma humilhação sendo que todo o castigo tem obviamente a componente de humilhação porque de outra forma seria elogio? e a rebeldia de uma adolescente é, em que mundo, motivo para os pais decretarem uma filha delinquente e digna de viver fora do seio familiar? e em qual mundo, digam-me por favor, as agentes da Segurança Social aguardam que um bebé nasça para o retirarem imediatamente do colo da mãe por forma a evitar castigos humilhantes? de facto só mesmo uma caçadeira, penso, para acabar com esta miséria repartida. e depois os testes da universidade do minho a comprovarem que os pais têm perfil para serem pais apesar de precisarem de acompanhamento. desculpem? existem duas crianças, uma mais do que outra, a sofrerem com o desequilíbrio dos adultos - em casa, na Segurança Social e nos meios de comunicação social. e o pai faz greve de fome. o pai havia de sofrer de fome quando lhe dá o apetite de foder a mulher sem preservativo. e a mulher, a mãe, havia de sofrer da mesma anorexia quando não faz planeamento familiar. e os testes têm de ser feitos antes de haver pais e filhos porque, está visto, ser pai e ser mãe e ser filho é de uma responsabilidade que não advém apenas de ser fodida.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

descobri esta coisa belíssima


foguetes & Compª

creio ser Agosto o mês dos foguetes. em todo o lado e a toda a hora lá se ouvem os falsos trovões a anunciar que há festa e a verdade é uma só: onde há foguetes há farturas e carrinhos de choque e venda ambulante de singles e LP's. ó, disparate, isso era dantes - agora é tudo corrido a CD e se só gostares de uma, paciência, é da maneira que ficas a conhecer - mesmo mesmo com conhecimento de ouvido - o resto. depois há procissões e romarias e fazem-se  missas em alta voz que obrigam os demais a desejar o silêncio do fundo da voz dos pássaros ou do vento ou até dos carros a buzinar. Agosto não é só o mês dos foguetes afinal, também há os filhos que foram e voltam a estrangular a saudade. e para esses agora há-se ser uma alegria triste ver o pai fraco e em crise, maltratado. mas é como digo, uma alegria triste porque no meio dos foguetes e das farturas e dos carrinhos de choque e dos CD's e das missas o pai fica sentadinho a um canto. e ainda bem que assim é.

sábado, 3 de agosto de 2013

que delícia, que doçura, que bravura!

só mesmo quem se descreve assim:
O meu maior medo é que a morte seja tudo às escuras sem se poder ler. Pouco interessa deixar de ser humano, desde que não deixe de ser leitor. Ler é do mais feliz que tenho. Porque escrever é triste.
poderia dizer-me algo adorável como 
Há uma maneira de chora que é privilégio de genter forte :)

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

olha que bom:

a descarga dos cem

Homem do subsolo, personagem de “Memórias do Sub­solo”, de Fiódor Dostoiévski (Editora L&PM)

“Só creio naquilo que possa ser atingido pelo meu cuspe. O resto é cristianismo e pobreza de espírito. Não creio nos sentimentais encabulados, nos líricos disfarçados que se benzem quando os raios caem. Meu materialismo é integral. Nasceu no mesmo ventre que me concebeu. Mas voltemos ao irmão. Dentro da predestinação que fez Caim matar o inocente Abel e Jacó passar o conto-do-vigário em Esaú, o torturado irmão foi coisa que sempre desprezei. Nunca fiz indagações em torno de nossas diferenças. Sei, o problema é dos muitos que aguçam a ignorância dos sábios e demais desocupados que teimam explicar coisas inexplicáveis, como a vida. Não sou entendido em cromossomos. O que sei de genética é pouco mas divertido: está espalhado nos mictórios do mundo.”

delícia de rejeição


acidentes de trabalho?

não, nada disso: o álcool é potenciador da alegria e da pujança no trabalho.

(palavra de tribunal)

ai e ai

acho, como dizer, engraçado ouvir dizer que não querem parto normal por conta de a mulher não ter sido feita para sofrer. ora aqui está um belo argumento: o sofrimento. pergunta minha às mulheres em geral e às grávidas em particular: o trabalho de parto não faz parte do processo de gravidez que começa no prazer? bom, respondem-me então que se é possível minimizar a dor pode-se e deve-se. minimizar a dor. interessante. será dor a sensação - sim o sentir tudo literalmente - de parir quando parir é um acto de vontade e de responsabilidade e de amor? não creio. todas as fêmeas da natureza o fazem. e sozinhas. fracas, são todas fraquinhas as que monopolizam os ais de prazer e descartam os de dor.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

é mesmo isto


quem fica, morre

dez metros quadrados, dez pessoas. vozes altas que se cruzam em tentativa de conseguirem pelo menos uma - pelo menos uma venda que salve a manhã ou a tarde. uma toma valium para dormir e uma outra ao acordar. outra já não tem cabelo, usa peruca, de tanto que esticou o sistema nervoso. outra fecha os olhos e baixa a cabeça amiúde, tique nervoso, enquanto lê o manuscrito ao telefone. outra senta-se e levanta-se entre uma chamada e outra. outra e outra e outra. acresce ser o mês de agosto e as empresas estarem em fecho de férias ou fechadas. os três focos de luz artificial por cima das cabeças queimam os olhos e o ar. mas queimam, sobretudo, a sanidade mental de quem lá está - e de quem quer ficar.

terça-feira, 30 de julho de 2013

há que tempos não ouvia, que tanto gosto, isto:


ejácular


arroz




para tudo. antes de mais, claro, para comer: carolino, agulha ou vaporizado, sequinho ou molhado, simples ou acompanhado faz as delícias de qualquer boca - digo boca e não estômago porque é ela - e não ele - quem faz a primeira triagem, não gosta não entra. mas depois, tem muitas outras utilidades que não a tradicional guarnição. há quem diga que cozido em água e tomado em jejum previne muitas doenças - desta forma também é possível, mas isso é de conhecimento comum, travar caganeiras; aquela garrafa de formas manhosas está suja? pois duas colheres de arroz, água bem quente e umas abanadelas vai resolver a questão; e aquele telefone, ou rádio, que caiu na água? é desmontar e colocar em um recipiente coberto de arroz e esperar pelo dia seguinte - fica tudo sequinho e de novo a funcionar. já agora, nota-se alguma colagem no recipiente onde está o sal? pois. com uns grãos de arroz ele solta-se, salvo-seja, todo e não fica com aquele aspecto de papos; é isso e a fruta verde. as bananas, por exemplo, por vezes estão que nem se pode e a vontade delas não apetece esperar muito - basta colocá-las cobertas em arroz e num instante amadurecem. mas a minha utilidade preferida, depois de ser petisco, do arroz vai para o frio. o frio? sim, o frio: enche-se uma meia grande, isto para quem tiver preguiça de fazer de um pano grosso saco porque é preciso coser, com arroz, dá-se um nó e microondas com ela. depois é só usá-la bem próxima dos pés ou daquilo que é para aquecer.

é verdade: arroz para isto, arroz para aquilo, arroz para tudo!

segunda-feira, 29 de julho de 2013

simples

like a lunatic

um vídeo que faz cheirar

se as cadeias de fast food tivessem o azar de este vídeo passar em telinhas gigantes mesmo próximas aos estabelecimentos, estavam quilhadas: é violento e nojento e intenso e irritante. dá para sentir, inclusive, o cheiro nauseabundo a carne crua.

aos mais limitadinhos

o nome deste blogue, tal como está, surgiu depois de eu ler o ruínas circulares em este suporte digital como se fosse um livro: depois de ler o último, o meu último, texto do João Pedro da Costa surgiu na minha cabeça, em forma de relâmpago, uma iluminação que misteriosamente me fez associar o nome que viria a ser o deste blogue ao meu blogue. portanto, limitadinhos, não. não se trata de um termómetro e nada tem que ver com temperaturas. como é óbvio, ou talvez eu julgue que deveria ser, há uma narrativa por detrás do que à primeira leitura, pelos vistos, parece relacionar-se com medição de temperaturas. está bem, estou habituada a que me digam arrogante. pois que seja, então, a arrogância pode bem ser um estado de alma divertido quando corresponde à certezinha do que não, de todo, se quer. 

termo ao milímetro veio, então, sem pedir licença, arrogante - lá está - à minha cabeça e ali ficou a masturbar-me o cérebro até conseguir instalar-se sem qualquer volta a dar: trata-se, pois claro, de significado e de significância. e quem não estiver bem que avance. andor.

domingo, 28 de julho de 2013

tendência para o FB' fluxo:

estão na cama e ele pergunta-lhe: estás a gostar? imediatamente antes de responder, ela pega no blackberry, entusiasmo de brilho nos olhos, e escreve assim no FB: estou a adorar, Nando, dás-me imenso prazer! e só quando caírem mais do que cinco likes ela, sorridente, abana-lhe simplesmente com a cabeça.


sexta-feira, 26 de julho de 2013

^

há dois séculos atrás, atrás já é pleonasmo, não será bem assim porque este século ainda mal começou, dá mais a ideia de ter sido há muito, muito, tempo, como nas histórias e gosto mais. ponto. há dois séculos, quase na última década do século dezanove, escrevia-se amor com chapéu: amôr. e devia continuar a ser assim já que a fonética e o sentir assim o exigem - o amor sem o chapéu de carregamento no ó não faz tanto sentido. aliás, o amor quer-se tão sentido quanto pronunciado, certo? então, a partir d'hoje e aqui nesta casa, é irrevogável, amôr será sempre carregado e ao estilo antigo.

Comédia Portuguesa

curiosidade em bicos de pés, a minha, para saber sobre La Cage Dorée - que estreia por cá daqui a nada - fui dar ao século dezanove, não poderia ter batido em melhor, à Comedia Portuguezachronica semanal de costumes, casos, politica, artes e lettras  e desatei a explorar a primeira, de 6 de outubro, de 1888.

note-se a actualidade desta nota introdutória ao leitor:

"critica, perfeitamente imparcial, sem peias e sem atrevimentos que melindrem a liberdade de cada um, na esphera d'acção que lhe pertence, a critica que não aspira á gargalhada ruidosa, nem pela insolencia do desenho, nem pelo torpe do assumpto, nem pelo desbragado da linguagem, mas a critica moralisadora e fecunda, não menos cruel, por delicada, é a que nos propomos fazer de todos os assumptos - politica, arte sciencia, costumes - da sociedade portuguesa - não só analysando o seu viver de dia a dia, mas consagrando numeros especiaes, ás suas instituições, escolas, museus, theatros, fôro, camaras; como a collectividades - os medicos, o clero, os actores, advogados, et coetera.
tal é rapidamente ennunciado, o nosso programma e garantimos que elle não terá a graciosa propriedade de ser apenas amontoado de palavras, sem importancia, com os programmas politicos da nossa terra.
ao arco! ao arco!



a redacção"


se não gostar do filme, não importa: já estou, ao contrário do que anunciavam, à gargalhada ruidosa, com certeza, com o que vou lendo nesta comedia portugueza escrita na luz de outro tempo e sendo tão, tão, atemporal. é que também há emigrantes dentro do próprio país e uma frança à espera em cada esquina.(este agora foi o meu contributo de ironia delicada que não se quer estridente) e há, sobretudo, esta expressão que estou a adorar, "adoraveis defeituosas". vou a mais.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

uma espécie de esperança invertida, gostosa.

da varanda da minha cidade

metanóia

impossível é não fazer uma reflexão sobre este texto.

e estúpidos são os que lhe chamam, à via do meio, a impossibilidade política prática, a tal atitude apolítica que é tão inverosímil como o ser independente: um paradoxo inultrapassável, já que a heurística – decorrente da experiência e cognição do cidadão – tende sempre para a esquerda ou para a direita, sustentam. na verdade a metanóia só cabe mesmo no meio por ser lá que avaliamos e sentimos – pensando -, e pensamos – sentindo-, e organizamos.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

paciência

todas as paciências, mesmo as mais elásticas, têm limites. a cada uma o seu.

sábado, 20 de julho de 2013

hey!

tem setenta anos e vive, desde 1964, a dar-nos música. tem uma voz inconfundível, uma espécie de mel com canela, tal e qual como esta mistura fervida em água faz em jejum ao estômago, que me afina a alma. e não é só a onda de doçura e de romance - enriquecida pela língua soalheira que é a espanhola, que ele tem: carrega, igualmente, uma beleza masculina arrebatadora indissociável. nenhuma figura pública teve tanto encanto como ele - nem mesmo, em outra categoria, o Pierce Brosnan, homem igualmente esculpido a agulha de crochet.


a guitarra só pode ser mulher: enche de música a vida e faz-se em curvas de prazer.


fraquinho, fracote, fracasso, fra, f

não sei quem disse, e também não interessa nada, mas disse bem: é fraco todo aquele que precisa de humilhar para se sentir forte. o mundo está cheio de fracos - a começar por um governo que humilha uma nação inteira.


quinta-feira, 18 de julho de 2013

caralho!

Goethe também falou em "contar os ossos dos mortos" - o que o aproxima, muitíssimo, do que é abraçar um cadáver quanto a homenagens póstumas. abracem os vivos, caralho!