quarta-feira, 29 de junho de 2022

gengibrado brigadeiro

 quando deixei cair mais um telemóvel novinho em folha na retrete, está sempre a acontecer, há-de ser a minha resistência às voltas com a tripa, houve uma vez que depois apanhei-o, lavei-o e metio-o em arroz, li na internet, enfim, quer dizer, encharquei-o ainda mais para depois o secar, matei-o com tanto mimo, bem visto, enfim, Olindices, como estava a dizer, perdi todas as fotografias que já tinha coleccionado desde o ano passado. havia uma que me era especialmente querida por conta de associá-la a um texto que fiz, uma visão, com o fundo de azulejos branquinhos, sensualíssima no sentir e no tocar. adoro-a e ainda um destes dias me pus a reconstrui-la na minha cabecinha de ventos e águas fortes, traço a traço, do que me lembrava. e agora, de repente, como um gengibrado brigadeiro, que é o que ele é, apareceu outra vez, capturei-a e lancei um feitiço no equipamento que também carrega o meu derriço

 oppo meu, oppo meu,

 a tua responsabilidade agora é a triplicar

 e se pensares na retrete

 hás-de segurar-te por mim

 que estou livre em cativeiro

 no meu gengibrado brigadeiro

e agora vou passar o dia a apreciar-lhe a geometria do pensar por debaixo dos olhos que me matam de sorrir, aparar-lhe as cinzas que saem pelos lábios da régua que quero sublinhar com os meus lápis de cor de amor: não me chega apenas sonhar, né rapá?

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