levei-lhe uma fatia de bolo de farinha integral, sem açúcar e sem sal, muito sabor a limão, acabadinho de fazer. talvez quisesse, como sempre quero, fazer-lhe a alegria acontecer por dentro daquelas paredes por caiar, esqueleto frágil que vai cedendo à negritude do pensar, pensar negro talvez seja como um dom. ou então será o início da criação de um ódio de estimação, como nos diz o Per, que terá nascido lá no início enquanto era tenrinha. se calhar ela era tenrinha quando começou a absorver o pecado, ou castigo, será a mesma coisa, do somítico.
estou para aqui nesta solidão, cheia de dores na perna, o reumatismo não me larga, aqui estou abandonada, abandonada não, pelo menos não por mim. já viu como tenho a bochecha inchada por conta do ouvido, estou aqui e trago-lhe bolinho bom para se esquecer da dor. sabe bem que se se distraír não se lembra que dói, essa dor acaba por ser uma invenção tal e qual como a sua solidão. não diga isso que estou nesta solidão, abandonada, não está não, vai ver que no centro de dia tudo será diferente e vou finalmente ter o seu olhar contente cada vez que entrar pela porta. mas eu não quero ir, quero ficar na minha casa e assim não pago um dinheirão.
pois, pescadinha de rabo no somítico, quer ficar na solidão. e ter-me sempre à mão.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.