e se o tempo, o tempo que se faz sol e chuva e vento e trovão, for meu súbdito? de repente, tudo é de repente, o calor abrasador derrete-se em vendaval e pingos grossos de se fazerem notar como quem diz, e diz, estou aqui, e depois o vento apressado assobia e espalha-se como que diz, e diz, não estou a assobiar para o lado e depois carrega-se em si para chegar a ela, chuva, e a chuva chove-se, passa de trote a galope misturada com o trovão da ordem como quem solta uma gargalhada possante como quem diz, e diz, quem manda aqui no reino do tempo sou eu, e fá-lo de forma estridente como quem pega no tridente depois de ouvir o eco és, és. então a rainha do tempo sabe que com o calor abrasador algo está para estourar, é ela que não tarda vai morrer, tal e qual como quando foi com o calor da filha, também morreu depois de eu tanto a socorrer, valeu a pena socorrê-la, morreu com mais doçura, talvez, talvez tenha morrido arrependida de nunca ter socorrido ninguém, e agora morre a mãe já a roçar-se nos noventa e em mim, eu que pareço já ter cem, choro-a com o vento que assobia e depois sinto os pingos grossos que me avisam da frescura que há-de vir para me continuar a acalmar também lá onde teimam em me humilhar, nada mais a fazer, o meu açucar não se pode enervar e então o vendaval começa a tocar, concerto que é para mim com o vocalista trovão a abanar-me toda: minha rainha ou ficas ou sais, pensa bem, porque se sais talvez possas perder mais, depois terás a punição, pensa no teu pai e no incansável sermão, não queiras depender dele, não, e então o trovão solta a gargalhada estridente para cessar o meu cansaço pela exaustão, cenário de guerra no ar, tantos a morrrer e outros tantos por matar, tudo entra em mim. pára tudo, ordeno, quero gotinhas ping ping,ping, brisa em pé de dança, sono bom. amanhã é outro dia e outros mais tranquilos se seguirão. talvez. talvez.
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