é o melhor contador de histórias do universo, assim pude perceber quando o li e percebi muito mais e melhor quando o reconheci, quando me mostrou que a história vinha já de longe, do sítio onde só o coração vê ainda que o canal seja a razão. nessa altura, lá longe, eu apenas sentia, pelo que lia, tratar-se de uma mente brilhante, genial, fora do convencional, que se escondia com pesar e apesar, só não sabia porquê, soube depois, quando finalmente me convidou a entrar, a lê-lo de uma assentada sem nunca ter ficado molhada - não pelo ódio - mas sim pela narrativa de amor, aquela brisa incondicional rara que seria o oposto do recebido sem nunca o ter vivido. nessa altura nem me passava pela cabeça ser o mesmo do outono do ano prometido que nunca aconteceu, aquele com quem sempre sonhei e de quem desliguei para o meu bem, depois de conseguir, finalmente, arranjar quem me desse a cana para eu pescar sem, no entanto, poder relaxar. lia tudo, todos os dias, com devoção como se transparente fosse porque transparente me sentia por ser transparente a forma como mostrou que me via e que não me queria.
seguiram-se tempos de problemas e aflições,
cansaços e torturas no emprego da cana para pescar o pão,
e na família onde eu era sempre a mãe e a avó, a escrava e o condão
nem tempo nem vontade de aqui usar a mão.
como se desistisse de mim, de me contar nestas costas direitinhas que nunca hão-de mudar e que ninguém quer acreditar como são. talvez sejam raras, sim, e custa, por onde passam, serem testadas até à exaustão. nada temo, tudo comprendo.
mas como estava e continuarei a dizer é o melhor contador de histórias, mesmo quando são as histórias dos outros, do universo.
obrigada, universo, por me dares tréguas e água fresca.
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