sábado, 18 de junho de 2022

Olinda no país das maravilhas

assim que eu pude escolher como queria, rodeei-me de espelhos, quanto mais peculiares melhor, molduras em relevo de rosas, laços e lacinhos nos cantos, outros velhos com manchas do tempo, outros com tecido esponjoso que pintei de dourado. tenho um que pendurei brilhantes na madeira acabada de alterar, de preto o fiz pérola, e outro que é um sol. depois há um pequenino com bolinhas coladas em redor e aquele com talha dourada e colada que apanhei ao pé do lixo quando ía a passar: recuperei-o só para mim. e muitos mais. mas nunca tinha percebido bem de onde vinha esta paixão, a de ter um espelho sempre à mão e ao lado e por cima como se fosse o meu pé.

epifania, !ai!, que depois de apreciar as flores que me deu, tenho a mania de as cheirar como minhas, sai-me de rajada que se elas forem espelhos de nós nunca estamos sós. e é isso, querida Olinda, o segredo é estarmos rodeados de flores que nos enchem o coração.







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