quinta-feira, 7 de junho de 2012
quarta-feira, 6 de junho de 2012
amor-próprio
decidiram viver juntos para namorar, na modernidade viver junto é namorar - não no sentido real do que é, seduzir, encantar, viver o amor com paixão, namorar - experimentar o outro com disponibilidade para conhecimento de outros. na realidade, decidiram separar juntos: as contas não são partilhadas, são divididas; as refeições processam-se à medida dos horários e das vontades de cada um; as conversas e os olhares não existem senão para fazerem prevalecer posições do que ficou pré-estabelecido. na cama, dividem o sexo em uma luta desenfreada, sono e riso por partilhar, para ver quem se sacia mais e mais vezes. cada um sovina para umas férias nas maldivas - o mealheiro, porco gigante a barro pintado de rabo retorcido e frágil perante o chão, é o privilegiado da partilha -, as férias são sempre a lua-de-mel dos adultos, ai as férias!, aquele pedaço de realidade fictícia, o pau de cabinda dos amores de mala de dez quilos. depois acabaram-se as férias, o mealheiro já não é um porco mas, souvenir, uma garrafa de formas estranhas com ranhura grossa. os dias recomeçam a nascer como se fossem um ditado detector de erros ortográficos: cada um é apenas responsável por si porque não há forma de saber escrever palavras pelo outro. e o ciclo de morte a dois segue o seu caminho, nadinha sinuoso, tenebroso: finge que nasce, não cresce, não se reproduz e, em processo de decadência contínua, renasce.
chamam-lhe amor. e é - amor próprio.
terça-feira, 5 de junho de 2012
terça-feira, 29 de maio de 2012
cúmulo
o cúmulo do defeito é o excesso. exemplo prático: todos os alcoolizados se sentem os maiores condutores do mundo.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
volare
e de dentro para fora
entre sol e chuva
nos toca a vida.
crescem plantas, brotam flores, os sapos seduzem as rãs
e os patos, que acasalam sempre com as patas, escolhem cotovias.
e o rio corre num samba tranquilo, lambendo as margens de fio a pavio, em originalidade de hortelã, freios de chocolate amargo, que doce já há
funicular até ao céu!, ouço em voz de autoridade, sem zangar, e a cumprir com gosto, que os ouvidos que se tocam e se cheiram foram um presente,
dos seus,
do amor que é deus.
do amor que é deus.
http://youtu.be/V5PJ0YXrIOA
entre sol e chuva
nos toca a vida.
crescem plantas, brotam flores, os sapos seduzem as rãs
e os patos, que acasalam sempre com as patas, escolhem cotovias.
e o rio corre num samba tranquilo, lambendo as margens de fio a pavio, em originalidade de hortelã, freios de chocolate amargo, que doce já há
funicular até ao céu!, ouço em voz de autoridade, sem zangar, e a cumprir com gosto, que os ouvidos que se tocam e se cheiram foram um presente,
dos seus,
do amor que é deus.
do amor que é deus.
http://youtu.be/V5PJ0YXrIOA
sexta-feira, 25 de maio de 2012
o que eu gosto de bombas de gasolina muito mais do que o Jacinto Lucas Pires
é universal: não se pode nem usar telemóvel nem fumar em bombas de gasolina pelo grande risco de explosão. ora eu, que não sou leiga em energias de activação nem em fontes de ignição, questiono se a energia de um telemóvel será suficiente para produzir uma explosão e vou procurar, quem procura acaba sempre por encontrar, alguma coisa e voilá: Enrique Velázquez, professor de electrónica do Departamento de Física Aplicada da Universidade de Salamanca [Espanha], concorda comigo e diz que "Um telemóvel tem uma energia muito baixa, além de produzir uma radiação electromagnética muito baixa, menos de um Watt".
são as boas e as más, as falsas e as verdadeiras, teorias que suportam as boas e as más, falsas ou verdadeiras, práticas. o que é que se costuma fazer quando está um deficiente motor, o empregado mais antigo da casa, de serviço na bomba e que esperamos cerca de meia hora em fila para sermos aviados de combustível? usa-se o telemóvel nem que seja apenas, como eu, para apagar as 543 mensagens acumuladas. na verdade, se o mito for desfeito, as empresas de telecomunicações e as gasolineiras só têm a ganhar - uma campanha de aliança faria aumentar as receitas para ambas: estás a ligar de onde querido? da bomba, estou a aguardar e a aproveitar para falar contigo. sério? isto merece uma comemoração quando chegares mais logo. e ele, entusiasmado, feliz, quando chega à sua vez de carregar, ou pedir para carregar, no pistão da gasolina ou do gasóleo, vai atestar o depósito (a satisfação antecipada do que vai acontecer acontece mesmo ali a segurar num pistão, e chamo-lhe pistão para dar ares de música, numa bomba de gasolina).
passemos agora à questão de fumar: enquanto o tal deficiente motor anda para lá e para cá, moletas raivosas, a causar filas de trinta metros para abastecer, sabe-me pela vida acender um cigarro. ou dois ou três. mas não se pode - não se pode fumar nas bombas de gasolina que são o local mais acessível para comprar cigarros. onde é que vamos comprar cigarros a esta hora? vamos à bomba. é verdade, a demência vive na lei. se por um lado eu (não) me sinto obrigada a sentir que estou a pecar por fumar dentro do meu carro quando estou, parada e ignição desligada, a aguardar o serviço - por outro devo sentir-me aliviada por finalmente renovar o meu stock de cigarros. e onde? na bomba.
é bem mais provável que o pingo doce expluda pela elevada concentração de cheiro a chulé e a sovacos aquando do milagre da promoção da carne do que um cigarro provoque explosão num posto de gasolina onde, supostamente, se as regras de segurança estão a ser cumpridas, não há perigos à espreita - assim como será mais provável que seja a energia da bateria de uma viatura qualquer a causar uma explosão. mas nessa altura a culpa será do telemóvel ou da pirisca.
são as boas e as más, as falsas e as verdadeiras, teorias que suportam as boas e as más, falsas ou verdadeiras, práticas. o que é que se costuma fazer quando está um deficiente motor, o empregado mais antigo da casa, de serviço na bomba e que esperamos cerca de meia hora em fila para sermos aviados de combustível? usa-se o telemóvel nem que seja apenas, como eu, para apagar as 543 mensagens acumuladas. na verdade, se o mito for desfeito, as empresas de telecomunicações e as gasolineiras só têm a ganhar - uma campanha de aliança faria aumentar as receitas para ambas: estás a ligar de onde querido? da bomba, estou a aguardar e a aproveitar para falar contigo. sério? isto merece uma comemoração quando chegares mais logo. e ele, entusiasmado, feliz, quando chega à sua vez de carregar, ou pedir para carregar, no pistão da gasolina ou do gasóleo, vai atestar o depósito (a satisfação antecipada do que vai acontecer acontece mesmo ali a segurar num pistão, e chamo-lhe pistão para dar ares de música, numa bomba de gasolina).
passemos agora à questão de fumar: enquanto o tal deficiente motor anda para lá e para cá, moletas raivosas, a causar filas de trinta metros para abastecer, sabe-me pela vida acender um cigarro. ou dois ou três. mas não se pode - não se pode fumar nas bombas de gasolina que são o local mais acessível para comprar cigarros. onde é que vamos comprar cigarros a esta hora? vamos à bomba. é verdade, a demência vive na lei. se por um lado eu (não) me sinto obrigada a sentir que estou a pecar por fumar dentro do meu carro quando estou, parada e ignição desligada, a aguardar o serviço - por outro devo sentir-me aliviada por finalmente renovar o meu stock de cigarros. e onde? na bomba.
é bem mais provável que o pingo doce expluda pela elevada concentração de cheiro a chulé e a sovacos aquando do milagre da promoção da carne do que um cigarro provoque explosão num posto de gasolina onde, supostamente, se as regras de segurança estão a ser cumpridas, não há perigos à espreita - assim como será mais provável que seja a energia da bateria de uma viatura qualquer a causar uma explosão. mas nessa altura a culpa será do telemóvel ou da pirisca.
quarta-feira, 23 de maio de 2012
deturpar também é preciso
a propósito dos sonhos, ah! os sonhos!, aquela terra onde todos chegamos sem sabermos como e sem exercermos qualquer tipo de controlo porque cada vez mais ser humano é ter controlo, dos sonhos durante a pequena morte que é o sono, é mesmo importante considerar que apesar de a maioria das vezes serem revelações de desejos escondidos - ou por concretizar - nem sempre é assim: tem vezes que sonhamos, tenho a certeza, com as cabeças trocadas de gente. talvez o mais importante, na experiência que é o sonho, não seja o que vemos, aquilo parece tão real - e é - que até mete cor (se fossem a preto e branco a sensação de passividade e de estado de repouso chocava com o que é ser movimento de realidade), mas o que cheiramos e sentimos. é como se os sonhos fossem cegos, parcos de visão e maneiros de outros sentidos. os sonhos são sentidos - e também sem tidos nem achados - entram sem bater e saem porta fora sem sorriso nem cumprimento, os sonhos são rudes no trato. mas é durante o tempo que só fica, sem aviso nem promessa de voltar, que o sonho vive: umas vezes faz-nos felizes e outras deixa-nos miseravelmente tristes, como quando nos tira alguém que amamos e acordamos esganados de aflição. nessas alturas os sonhos são dor que desatina sem doer.
nos sonhos nada se cria, nada se transforma: tudo acontece sem controlo e sem coador. se o Freud, ao invés de relacionar tudo o que é ser humano com o desejo sexual, se tivesse focado na posição horizontal do sonho pelo sono como um forte indício de equilíbrio - talvez hoje a necessidade de controlo estivesse em processo de esvaziamento. é o controlo que fode tudo e será a foder que se perde o controlo, penso. só que se não houver, antes e durante e depois, catártica vai tudo a correr para o sonho.
(há-de ser mais ou menos assim a minha deturpação sobre os estudos do Sigui.)
terça-feira, 22 de maio de 2012
olha o provérbio actualizado
em maio come-se cereja p'ra caralho
(e fica em aberto, a frase, porque entretanto tudo o que as caganeiras não precisam é de barreiras arquitectónicas. é verdade, as caganeiras têm uma costela de mobilidade deficiente - vão e vêm de rampante)
(e fica em aberto, a frase, porque entretanto tudo o que as caganeiras não precisam é de barreiras arquitectónicas. é verdade, as caganeiras têm uma costela de mobilidade deficiente - vão e vêm de rampante)
sexta-feira, 18 de maio de 2012
mistério, digo eu.
obviamente que tenho nada, absolutamente nada, contra Lisboa ou contra os lisboetas. gosto muito, até, da elegância com que pronunciam as palavras como se estivessem constantemente a fazer biquinho à boca fechada; gosto tanto da luz, da claridade e da largueza das ruas; gosto muito, também, do maneirismo a roçar o espanhol, aquela coisa de esticar o dia noite adentro de convívio. gosto de muitas mais coisas. só não gosto que o sitemater insista em dizer que estou em Lisboa, não obstante a elegância, a luz, a claridade, a largueza e a festa - não gosto porque sou do norte, nascida e crescida no Porto e Vila do Conde escolhida, há três pares de anos, para viver. e como nunca rejeito nada daquilo que me faz, que me faz ser, fico ofendida com isto de aquela coisa afirmar com convicção que estou em Lisboa, como se tivesse o direito de mexer na minha identidade, alterar-me o sotaque, acrescentar-me pastéis de belém em vez de natas, fazer-me um biquinho quando sou portadora de uma bocarra. e depois ainda festeja, ignorando o que quero, como se eu gostasse de foguetes e de canas. por que caralhos é que isso acontece, não sei: é um mistério. e o que vale é que gosto de mistérios.
quinta-feira, 17 de maio de 2012
acossar: já chega
a propósito de perseguir, de acossar, há disso em todas as variantes possíveis: há quem seja constantemente inoportuno na rua ou no talho, no emprego, nos sonhos (até nos sonhos) e nos blogues. o problema da perseguição nos blogues é nenhum, se atendermos ao facto de só haver efectivamente um problema quando é passível de resolução. ora havendo um problema que é facilmente resolvido, ou contornável, o caso fica bravo quando de cariz público passa, a sarna, para privado. temos sempre a opção, em qualquer uma das variantes mencionadas exceptuando o sonho, de activamente travarmos o abrupto cuja iteração o torna perfeitamente expectável. menos quando a abordagem salta de um blogue, um local público que pertence talvez a um cae criativo ligado à indústria da saúde e bem estar, para um endereço de correio electrónico - morada de um lar, local absolutamente privado, como se nos metessem cartas abertas, sem envelope, por debaixo da porta. somos, então, obrigados a ler e a ficar, nem que seja por segundos ou minutos, com as mãos sujas e os olhos manchados. passamos depois a limpo que o que é lixo ao lixo pertence e não deixamos que nos afecte - ou pelo menos assim queremos. mas as palavras têm força, talvez a força se muscule de intenção, e por vezes são, de facto, punhais. espera-se, então, que o tempo, pelo menos o tempo que conhecemos nesta dimensão, transforme o acossar e o dissipe. talvez estas minhas palavras tenham força. talvez.
terça-feira, 15 de maio de 2012
por que raios e coriscos havia de pensar, como queriam, em uma antena?
pedem-me que relacione, muito rápido, parabólica com maçã. sem dificuldade respondo que, sem rapidez, se não a como apodrece.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
foder não é para qualquer um
dizem uns que ler é sexy, outros dizem que é um acto de amor. eu digo que é entre o instinto e a intuição - esta última que é bem visto o instinto da alma -, o pensar, o saber pensar, que se situa a base da sedução que depois traz o amor. ler, per si, não é sexy - é sexy conseguir fazer da leitura um joelho a descoberto ou uma copa larga de mama onde se adivinha um mamilo grande; é sexy escolher e cruzar o que se lê, joelho e mama a descoberto em intimidade, concretizar amor. e depois não há leitura sem escrita, novamente volto a dizer: escrever, per si, não é sexy nem resulta em amor - só pode seduzir quem sabe bem pensar e só pode amar e ser amado quem depois de sucumbir à descoberta do joelho e da mama se faz iterativamente amor. também a alma tem carne, tal e qual como o corpo tem alma, e se cumpre de amor em fluidos agitados e fundidos. e é quando, precisamente, a alma está fundida, e fodida, que, sedução sempre erecta, há amor de ler e de escrever. e é por isso que foder não é para qualquer um.
sexta-feira, 11 de maio de 2012
segunda-feira, 7 de maio de 2012
de alva sete sois
cumpre-se a estrela
fundo barrado a canela
romance no quarto do céu
mais brilhante do que nunca
é de alva
é fundida
em torno o tempo é de moios
como se num momento sete sois
domingo, 6 de maio de 2012
uns falam em economia verde como motor de arranque para contornar a crise, outros em economia social. falam, falam, falam e esquecem que para haver arranque tem de haver investimento no motor. e enquanto isso, arranque por arrancar, o povo canta e bebe e encontra nas farpas e alucinações a maior alegria do mundo. é mais ou menos assim:
sábado, 5 de maio de 2012
estação de serviço
quando um desconhecido chama, raiva na voz, lésbica a uma mulher, após algumas horas de penetra de conversa mole, é porque, garantidamente, se sente frustrado. o que quis mesmo dizer, coragem murcha, foi porque caralhos esta gaja não se deixa seduzir por mim? mais: andará o resto da noite com uma nuvem preta por cima da cabeça, como se a mijar-lhe em cima, a pensar que a tal mulher só pode ser lésbica. e frígida. e cega. e burra. e acabará por ejacular, ego ferido no peito, na oportunidade mais próxima. o processo de sedução da modernidade é, sem dúvida, uma estação de serviço.
sexta-feira, 4 de maio de 2012
https://www.youtube.com/watch?v=g2KstIkFPIU
é a solidão a fonte e a foz: um mundo gigante por debaixo do mundo dos mundos onde a fixação pela descoberta da existência se mistura entre o palco encenado e o palco da vida- tamanha a triste miséria egoísta da solidão, inocente e frágil bebé, sempre a solidão. e o amor escondido, adiado, sempre adiado, e a urgência de inadiar o inadiável, sempre adiado, é cruz nas costas: ininterruptamente pesado corrompe-se, sem nunca se deixar corromper, com a leveza pesada do sexo. é a solidão, menina velha, a fonte e a foz: um mundo destruído, gigante, por cima, do debaixo, do mundo, pequeno, dos mundos, grandes, onde a existência se perdeu em existir - tamanha é narrativa em desejo por narrar.
a solidão é um lugar estranho, um bicho, corrosivo e contagiante; a solidão vive no mundo das bactérias, grandeza erecta, e, deixando rastos, contagia. e mata. e é assim a vida dos mortos em travessia de vida.
a solidão é um lugar estranho, um bicho, corrosivo e contagiante; a solidão vive no mundo das bactérias, grandeza erecta, e, deixando rastos, contagia. e mata. e é assim a vida dos mortos em travessia de vida.
quinta-feira, 3 de maio de 2012
borrões
há a chuva, há o sol, há o vento, há as palavras, há a música, há os cães, há as árvores e as plantas, há a cozinha, há os pêlos dos homens e as vozes e os cheiros. e depois há o irs e o iva e as facturas e as filas e os rolos de papel higiénico que metem nojo para abrir, borrões de tinta empastados na minha tela.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
olhir
ver um pássaro voar é tal e qual sentir uma lágrima cair: é tanta, tanta, beleza que vês - como quando cai uma, miss transparente, delicada, vê(e)m-se logo duas ou três.
domingo, 29 de abril de 2012
é couto e quero souto
nebrina mas pouco
mais do que da noite couto
porém tanto a navegar
é janela ante janela, vidas feitas por trás dela
outras tantas de fogos amenos
por apagar
faz-lhe falta o souto
por entre vielas cuspidas
filhas da noite que esquecem o dia
a verdade do que é ser janelas
do que é ter janelas garridas
dom marrom
dom marrom, bico aguçado
em bicos de olhar pendurado
assobia
sabe bem mais do que ontem sabia
das sombras de fundo de fim de dia
códigos de vida barrados
simples
sem amanhãs, depois, pendurados
quinta-feira, 26 de abril de 2012
um mimo de mima
está bem, gosto de poesia e de romance - de embelezar tudo o que a vida tem: fazer dela rainha. e o que é que a casa mima tem de romântica? tem, precisamente, tudo aquilo que eu lhe poderia, e posso - a fantasia é um principado -, acrescentar.
terça-feira, 24 de abril de 2012
suicídio
não conheço dor maior do que a de ouvido - e será por ela, um dia - na noite - nele, que cometerei suicídio.
segunda-feira, 23 de abril de 2012
sábado, 21 de abril de 2012
fodeu-se, quilhou-se
bastou um dia para me encher daquilo: caixa de email a abarrotar de notificações e eventos e nhanhanhãs. a derradeira conclusão é que não tenho, de facto, paciência para a treta do fb. a reactivação em uma mão e a desactivação em outra parece-me uma excelente acção de abril. viva a falta de pachorra e a revolta da convicção!
sexta-feira, 20 de abril de 2012
bem-vindo novamente ao facebook
as vontades são espontâneas, não podem ser de outra maneira. de repente, reactivei a minha conta do facebook, pouco mexi naquilo que tem que ver com há alguns anos, percebi que percebo quase nada das ferramentas, vi que posso colocar um fundo, não sei como colocar coisas que me interessam, continuam a ser mais do que muitas as pessoas que não conheço e que me enviam convites de amizade. está bem, não vejo por que não aceitar, mas fica o aviso à navegação: sou uma calada, não bato papos inúteis, não tenho grande paciência para fotografias de gente - mas gosto de cuscar, corre-me nas veias a curiosidade e o vírus do interesse.
andar
retrato de brasão, riso em punho, moldura a cavalgar, são homens - diamante a ouro lembrados, filhos do reino de junho, calor a abraçar, prata polida, titânio suado, nevoeiro sem mistério: andar.
dicas enganosas
a propósito das dicas amigas do ambiente e da carteira, que mostraram na televisão, para limpeza da casa, em que são usadas claras em castelo para limpar molduras douradas e repolhos e sal para limpar carpetes tenho a dizer o seguinte: fica mais barato, e não há desperdício de comida, comprar uma embalagem limpa vidros que é o melhor removedor de sujidade que conheço - além de que o sal entranhado nas carpetes é quase impossível de aspirar.e o repolho massacrado cola-se ao piso. deviam começar, as senhoras das dicas, por experimentar o que sugerem, evitando assim o engano dos espectadores, antes de deixarem as sugestões milagrosas que tanta falta fazem na cozinha. a única coisa que efectivamente resulta é a passagem de limão, ou vinagre, no calcário das torneiras.
quarta-feira, 18 de abril de 2012
pascer
emoldurado olhar
tom sobre tom
pascer
mónade
(pára quieto, !truão!, !chocarreiro!, não se brinca c'a saudade)
terça-feira, 17 de abril de 2012
as casas de banho não iludem
consegui, finalmente, convencer uma amiga que na noite tudo é ilusão - as luzes, os sorrisos, o brilho dos olhos - menos as casas de banho.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
arrostar é preciso. estamos cá.
vi ontem, pela primeira vez, esta publicidade e gostei mesmo muito - cativam-me os contrastes que dão sempre vontade de arrostar. e é por isso que eu mudava o slogan já, de imediato, retirando o "Portugal está a chamar. Vamos lá." substituía por arrostar é preciso. estamos cá.
domingo, 15 de abril de 2012
relações de número atómico 14
o pai de uma grande amiga é o maior cirurgião do mundo: consegue convencer, após poucos meses de convivência sexual, as namoradas que vai tendo a colocarem silicone nas mamas.
sexta-feira, 13 de abril de 2012
serpente, rouxinol, cotovias, caracol
lampeira explora o lugar
docemente
assim como faz com astúcia a serpente
importa luz exalar
por lá e por aqui
qu'a vida é isto de se ver
:
corar a alma ao sol
sabão e água dos dias
a canto de rouxinol, anjos de cotovias, em cornos de caracol
quinta-feira, 12 de abril de 2012
fixidade
afasta-se os verdes com as mãos em silêncio
delicadeza
como quem descortina um conto de era uma vez na natureza
agarra-se o frasquinho de tampa risonha
à homem inventado
cidade
e cheira-se o aroma
mistura de sol com chuva
ventos de tempo
fixidade
quarta-feira, 11 de abril de 2012
saudades
ai que saudades. acordei com saudades das minhas avós. a Maria Argentina, mãe do meu pai, conheci-a teria aí doze anos quando chegou do Brasil para uns dias na quinta da tia Filomena, no Douro, onde passei alguns verões. foi com ela que aprendi a fazer renda e malha e foi ela quem me deu as primeiras agulhas e os primeiros fios. em Tões, na aldeia onde se chegava em caracol depois de passar a Régua, tudo era calmo e foi lá que descobri a beleza da fonte do largo, dos tremoços secos do monte, dos passeios dos bois que madrugavam com merda colada no rabo e das gentes aperaltadas em domingo de missa. a Carolina, a avó materna, tinha-me um amor gigante: aos oito anos quando a mãe morreu e vivi com ela e com os padrinhos, os banhos que eu lhe dava eram uma festa de perguntas e de espuma. foi com ela que aprendi a fazer tranças - fascinava-me a finura e a brancura dos seus cabelos. certo dia apareceu com um presente, um dos meus preferidos até hoje, uma saia amarela que usei vezes sem conta até gastar. morreram ambas ainda eu era adolescente. ai que saudades.
terça-feira, 10 de abril de 2012
olá, gostei muito.
fascinam-me as retrosarias. e quanto mais antigas, melhor. são as fitas, e os botões, e as rendas, e os apliques, e os tecidos, e as pedras, e os brilhantes, e os saquinhos de papel onde se embrulham estas preciosidades. hoje descobri uma que tem uma voz gravada, mal se entra, que diz: olá, espero que gostes. e também eu respondi olá na entrada. e quando saí fiz questão de lhe dizer que sim, que gostei muito.
risos na voz
fim de tarde em reclamação a serviço de apoio a cliente, ouço aquela voz. pergunto novamente o que já tinha perguntado para ouvir mais, não o que ele tinha para dizer, da voz. uma coisa é gostarmos da voz de alguém que conhecemos e gostamos - gostar de alguém e também da voz; outra coisa é gostar da voz sem conhecer o que quer que seja de alguém - gostar da voz sem gostar de alguém - como se a voz fosse, e é, alguém. interrompo-o e pergunto-lhe o que está ali a fazer. diz-me não estar a perceber. explico que deveria estar na rádio, incansavelmente, a dançar palavras. risos. pergunta se pode ajudar em mais alguma questão e digo que sim: pergunto se vive perto e, questionando-me porquê, diz-me que não. porque se vivesse tinha mesmo de vir lanchar comigo. mais risos, risos na voz.
segunda-feira, 9 de abril de 2012
rabiças
rabiças de uvas desfeitas são como bois de arado no dorso: em água ou em terra traduzem o momento, quadro de cor em tela , jornada de sustento.
sábado, 7 de abril de 2012
lustre, lustre, lustre
ai! lustre de lustre
em lustre mais uma vez
conta-se a que derrama raízes e fios d'ouro vivos
e depois a que carrega o afastar da 'scuridão
ai!, lustre, por fim,
o conjunto, tripé de lustrina,
beleza em imensidão
(em imensidão fina)
sexta-feira, 6 de abril de 2012
a favor
passou, por mim, um carro da GNR e, olhares cruzados, lembrei-me da Catarina Eufémia, ah ceifeira de ovários caseiros e bem alimentados, mas este tipo de flashes ainda levará o povo a dizer que sou comunista, comunista filiada. penso, entretanto, pelo caminho, que para ser uma revolucionária como ela eu teria de me sentir oprimida e reagir contra. mas eu sou uma rebelde, que é bem diferente, vivo fora da bolha, e todas as minhas reacções são a favor. a favor da minha alma. é isso.
quinta-feira, 5 de abril de 2012
mário soares em analogias na estrada
(parece-me mesmo bem que o estado seja obrigado a pagar uma multa por andar, fora da lei, em excesso de velocidade)
quarta-feira, 4 de abril de 2012
(vagina triste a dela)
ouvi dizer que a ginecologista lhe receitou pomada e outras coisas para uma inflamação na vagina . disse-lhe que sei de outra cura porque uma vez, talvez causada por um qualquer insecto que terá gostado das minhas cuequinhas enquanto secavam ao sol, experimentei isto: arranjei aloe vera natural - por aqui é fácil arranjar, há em qualquer jardim -, lavei muito bem. depois aparei-lhe os picos dos lados e cortei-lhe as pontas e, sempre com uma tesoura, recortei a peça em rectângulos finos e do tamanho do dedo mindinho. (apenas uma pequena observação muito importante: só se pode recortar mesmo antes de usar senão não faz efeito porque seca todo aquele molho que vai largando) antes de deitar, introduzi três ou quatro rectângulos na vagina e dormi tranquilamente. o que aconteceu foi que durante a pequena morte toda a seiva maravilhosa da planta passou para mim. e de manhã, naturalmente, quando fui libertar as primeiras àguas saíram os pequenos rectângulos, como que chupados pela vagina, incrivelmente secos. e bastou repetir duas a três noites para repor o vagilíbrio.
não acreditou, riu, e prefere andar a colocar pomadas e outras artificialidades. está bem - não sabe, como eu sei, que as vaginas devoram, porque adoram, o molho de aloe vera. talvez façam, até, de propósito para inflamarem só para poderem chupar os rectângulos como se fossem gomas frescas.
(vagina triste a dela)
não acreditou, riu, e prefere andar a colocar pomadas e outras artificialidades. está bem - não sabe, como eu sei, que as vaginas devoram, porque adoram, o molho de aloe vera. talvez façam, até, de propósito para inflamarem só para poderem chupar os rectângulos como se fossem gomas frescas.
(vagina triste a dela)
terça-feira, 3 de abril de 2012
olhos de ficar
pardos são os olhos
veranistas, obcónicos, que vêem sem cor
as águas fortes como se paradas
as cúpulas como se cimeiras de dor
são pardos os olhos, são,
que atentam o meu olhar
pracejam não praziam
trambicam por aí o ficar
pardos são os olhos, são,
debatidura, detruncar
veranistas, obcónicos, que vêem sem cor
as águas fortes como se paradas
as cúpulas como se cimeiras de dor
são pardos os olhos, são,
que atentam o meu olhar
pracejam não praziam
trambicam por aí o ficar
pardos são os olhos, são,
debatidura, detruncar
segunda-feira, 2 de abril de 2012
domingo, 1 de abril de 2012
pormenores gigantes
depois de descobrir exactamente que nome dar à enorme fatia folhada, maravilhosa, cujo recheio se torna quase - quase - indecifrável ao olhar e paladar, blimunda, descobri também que não sabiam, nem sabem, nem vão procurar saber, o que é ser blimunda e, depois, blimunda renovada.
(até dá vontade de dizer: sim, é blimunda. mais sete vezes vão todos para a puta que vos pariu)
(até dá vontade de dizer: sim, é blimunda. mais sete vezes vão todos para a puta que vos pariu)
quinta-feira, 29 de março de 2012
fantasias de piriquitos
imaginei-os ao sabor de uma chuva torrencial, esboaçar de alegria, com o mesmo entusiasmo com que saltitam ao sol. e não tive mais nada: liguei a mangueira e encharquei-os com abundância. agora, ficamos todos consolados - eu satisfiz a minha fantasia e eles, na realidade, adoraram. talvez isto tivesse acontecido, penso com convicção, porque simplesmente terei absorvido o desejo deles e o que imaginei foi, nada mais nada menos, o que eles queriam e me passaram naquela língua estranha e aguda, que sai dos bicos de ponta fina e arqueados, que é a deles.
quarta-feira, 28 de março de 2012
funlo
a definição de fungo, no dicionário, diz que é uma excrescência esponjosa na pele ou nas mucosas. a minha é bem mais simples: fungo é um parasita filho da puta, um chulo, que anda a viver à custa do meu pé.
terça-feira, 27 de março de 2012
reclamo - logo existo.
a maior diferença entre deus e o quintal do vizinho é que o vizinho reclama se alguém lhe atirar com lixo. será esta a maior, e mais irrefutável, evidência de que deus não existe?
domingo, 25 de março de 2012
filetes de peixe gato (ou outros quaisquer) no forno
numa frigideira, ou sertã à moda do norte, deita as cebolas cortadas em rodelas, um dente de alho picado, uma folha de louro e rega generosamente com azeite. tempera com sal e leva ao lume até que a cebola fique mole. retira do lume, deita fora o louro, e espalha no fundo de um tabuleiro que possa ir ao forno.
lava bem os filetes e seca-os com um pano ou rolo de cozinha.
num prato, coloca o ovo e bate; noutro, o pão ralado - tempera com sal e pimenta e mistura muito bem. passa um filete de cada vez pelo ovo e de seguida pelo pão ralado (o chamado panar).
no tabuleiro, por cima da cebola, coloca um filete panado e por cima deste bastante queijo e por cima do queijo coloca outro filete. e vai fazendo assim até que se acabem os filetes, colocando-os uns ao lado dos outros.
corta as batatas em meias luas e mete-as ao lado e em volta dos filetes. polvilha tudo com o alho picado, rega com um pouco de azeite e leva ao forno até que os filetes fiquem bem douradinhos e as batatas assadas.
serva bem quente e entra no reino dos céus.
sábado, 24 de março de 2012
bombaré
e no momento da fusão
uma e outra sussuram o corar
é asas com asas, é,
é riso com riso, é,
é orelha com orelha
e colocam o biombo, fecham-se ao mundo em couces
assim é a parelha onde não cabe sensaboria
é fabordão
dabom
gabão
e depois pabulam-se, sim senhor, ai! como é pabular
quando um beijo não é beijo
é bombaré
que atravessa o tempo e o lugar
sobrevoa o céu, cânhamo de ar
e aterra, sempre a planar, no pé
uma e outra sussuram o corar
é asas com asas, é,
é riso com riso, é,
é orelha com orelha
e colocam o biombo, fecham-se ao mundo em couces
assim é a parelha onde não cabe sensaboria
é fabordão
dabom
gabão
e depois pabulam-se, sim senhor, ai! como é pabular
quando um beijo não é beijo
é bombaré
que atravessa o tempo e o lugar
sobrevoa o céu, cânhamo de ar
e aterra, sempre a planar, no pé
menuro
viemos, e estamos, sozinhos e do vestido se faz nu: em redor há menuro, há, que ora pinta a garrido ora despeja tons de cru.
cantil
é beleza
como se água a tiracolo
cantil
espalhada no alto
no baixo
no centro dos olhos que procuram
e encontram
existência elevada a mil
como se água a tiracolo
cantil
espalhada no alto
no baixo
no centro dos olhos que procuram
e encontram
existência elevada a mil
sexta-feira, 23 de março de 2012
estilo de morte saudável
a CM de Matosinhos acaba de proibir o uso de flores plásticas nos cemitérios e os argumentos caem na prevenção de incêndio, por ser mais fácil erradicar o risco pelas flores de plástico do que pelas velas. e eu, cá no meu canto, imagino que os mortos hão-de estar a morrer de riso por saberem que vivem sem correrem qualquer risco de morrer. será caso para dizer que o município tem fortes preocupações em oferecer, à população, um estilo de morte saudável, qualidade de morte.
(isto merece uma linda banda sonora)
e eu respondo: mudam-se os tempos, mudam-se os à-vontades.
"Bolinha
Houve um tempo em que o aparecimento da bolinha vermelha no canto do ecrã do televisor suscitava perturbação e expectativa."
(reparei, entretanto, no uso exagerado de tudo no texto. que se lixe, assim vou manter, afinal de contas é a minha palavra de estima, uma das minhas preferidas.)
quem o diz é o José António, O Escafandro, homem de poucas falas mas abundante em pensamentos e boa disposição. conhecemo-nos, há uns dez anos, num curso, na universidade e aprendi imenso com ele e com a sua colega de profissão, a Ana Sofia. eu era a mais tenrinha e aquilo para mim era tudo novo mas tamanha era a vontade de explorar tudo, fiz o que sempre faço: sorvi tudo e todos durante o ano que estivemos juntos e ainda hoje, quando me vejo perdida em algum projecto, é a eles que recorro para me safarem. e a verdade é que me safam e enchem-me de sabedoria e também de alegria: almoçar com o José António e com a Ana Sofia é um gosto e um prazer - há risota pegada e muita conversa boa; há, sempre, sempre, sempre, perturbação e expectativa da melhor e vamos mudando, mantendo, os à-vontades.
(reparei, entretanto, no uso exagerado de tudo no texto. que se lixe, assim vou manter, afinal de contas é a minha palavra de estima, uma das minhas preferidas.)
também gosto do frio
por este andar, dar para bronzear em pleno março em praias ou terraços ou relvas do norte, ainda havemos de poder usar vestidos leves e de decotes em dezembro. não, não quero disso - o que será do encanto das lareiras e da beleza do fogo a estalar e do cheiro como se a chouriço assado, nas paredes, no dia seguinte?
quinta-feira, 22 de março de 2012
triste constatação
a maioria absoluta recai sobre, não os que cumprem, os que falham com a palavra que dão.
(é nestas alturas que me lembro do pinóquio e lhe acrescento uma língua manhosa - a cada falhanço, de uns e outros, havia de lhes começar a crescer o nariz e a diminiur a língua. como eu gostava, ai!, de vê-los, aos narizes mentirosos, a bater nos joelhos e, sem línguas a bater nos céus, com as bocas mutiladas.)
quarta-feira, 21 de março de 2012
vulcão
por dentro dos montes e dos vales e da água que é o cérebro é muito difícil sabermos quando estamos a nadar ou a fazer piqueniques. por vezes acontece cair uma faúlha, do churrasco, na faúla e, pululantes de fogo, travamos o arder. outras, fora de pé, nadamos até à relva como se viver fosse a sentar. o cérebro é um lugar estranho - prefiro a aldeia do vulcão, o coração, por entre lavas quentes e indomáveis, onde a imprevisibilidade - que apenas sobe aos montes em pequenas promenades - é reina.
terça-feira, 20 de março de 2012
bigodes grisalhos d'amor
:
em grisalho tom ouvem-se histórias
façanhas
lições do dever e do fazer
como se em bigodes fartos se pendurasse o ser
e é, assim, gostar - não de cal - de pedra
preferir a amêndoa à flor
como assim só pode ser
grisalho
e em bigodes
o amor
.
segunda-feira, 19 de março de 2012
homens que fazem gluglu
diz-se que os homens não têm grande capacidade para suportar a dor física. isto até pode ser verdade mas apenas se não levarmos em consideração a questão, aquela, a the one, a que move montanhas na modernidade, estética. vi eu com estes olhinhos negros azeitonados e brilhantes que um dia nem a terra há-de comer, porque os olhos não morrem, um amigo de uma amiga, tronco nu, esticado na cama, a ser completamente torturado com cera. o rapaz, branquinho como a farinha triga, ficou como fica quem apanha um escaldão e com aqueles mini-raios roxos como fica quem se esfola quando dá um tombo. optei por ir para a cozinha preparar frango com cogumelos e massa com natas para o jantar enquanto digeria, em lentidão, o que tinha acabado de ver: um perú prestes a ser besuntado.
os homens já não querem ter pêlo no peito, é o que é, e eu penso como é que é possível fazer-se rolinhos com o pêlo, também do peito, se o arrancam com violência e desprezo com destino final de maldivas d'aspirador? não é: a modernidade dispensa rolinhos e carícias nos pêlos - prefere peitos passados a ferro, sedas de nus, e talvez até pilas esfoliadas. ai que miséria.
domingo, 18 de março de 2012
sábado, 17 de março de 2012
afinfar
se juntarmos, durante a preparação, mais leite do que água o resultado será pataniscas de bacalhau mais fôfas e deliciosas. é só. é a experimentar que se sobe o degrau. ou, então, é a experimentar que se afinfa o bacalhau.
sexta-feira, 16 de março de 2012
a insustentável leveza do parecer
um parêntesis no meio de uma crise existencial - as crises existenciais não são aquelas em que questiono quem sou de onde vim e para onde vou mas as que me reforçam a certeza de quem sou e de onde vim e para onde quero ir pela incerteza de poder ser quem sou e ir para onde quero, a primeira foi há cerca de sete anos e isso leva-me a concluir, não sei se prematuramente mas com a certeza intuitiva com que me habituei a viver, que entro em curto-circuito ao fim de ciclos de sete anos - foi uma oferta bem atrasada de aniversário em pura, total, poesia: um bailado russo em lago de cisnes no edifício mandado construir pela companhia de seguros garantia: o coliseu. não importa que os bailarinos não estivessem perfeitos em tempos nem em equilíbrio, estariam uns e outros (pode ser) igualmente a completar o pacote dos sete anos de vida, mas a magia da leveza, não só em pontas, da ponta dos pés até ao tecto alto, bem alto, que me transportou para o bico dos sonhos de olhos abertos. e cada passo, como se o andar fosse (e é) enfeitar cada movimento e procurar em cada um o mais leve respirar e a mais intensa concentração de amor; como se a vida se fizesse em cada arfar de melodia e se cada som tocasse violino para cada movimento e se a orquestra dançasse para nós e eles, os bailarinos, tocassem movimentos para ela. e tudo se confunde, entretanto, no palco da poesia: os bailarinos sou eu e eles são a orquestra e eu sou as pontas dos graves e dos agudos e ela dança vestida de tule.
e o parêntesis, em aberto, transfoma-se no livro e depois na colecção de livros e, enfim, na livraria privada. e quando chega a hora de fechar o parêntesis - talvez não passe de isso mesmo, penso, de um parêntesis no meu pensamento que se recusa a aceitar que a minha vida não pode ser uma livraria mas apenas uns e outros parêntesis -, a leveza contagia. contagia tanto que já dormi e ainda julgo que a minha vida é, como não deixam que seja como eu quero, leve.
tenho mesmo de partilhar
o mano mais gato do mundo. ai! como está garantida a minha satisfação! :-)
(meninas, não se esbarrem na estrada: os outdoors andam aí)
(meninas, não se esbarrem na estrada: os outdoors andam aí)
quinta-feira, 15 de março de 2012
escândalo
escândalo. dizem-me ser um escândalo recusar a visita de uma prima que considero uma estranha; que é um escândalo considerar uma estranha alguém que tem o meu sangue. tretas, tudo tretas, não é o sangue que nos faz sentir proximidade e vontade de estar e de receber. não quero saber se é prima, se pegou em mim ao colo ou se gosta mais de batatas do que de motas, e não tenho vontade, nem curiosidade, em vê-la e ouvi-la. não faço fretes e isso é, dizem-me, um escândalo.
(pois para mim escândalo é o telefone desligar-se, sem me dar aviso prévio nem explicação de silêncio, e eu não me lembrar do pin. e ainda me ameaça, o cabrão, dizendo-me que só tenho mais uma tentativa. isto, sim, é um escândalo.)
(pois para mim escândalo é o telefone desligar-se, sem me dar aviso prévio nem explicação de silêncio, e eu não me lembrar do pin. e ainda me ameaça, o cabrão, dizendo-me que só tenho mais uma tentativa. isto, sim, é um escândalo.)
quarta-feira, 14 de março de 2012
depêlação da areia
bem sei que talvez nesta altura seja um desejo de luxúria mas as areias das praias deviam ser tão asseadas fora como dentro da época balnear pois as areias são assim uma espécie de pernas da água que são precisas para andar até molhar e as pernas querem-se sempre sem pêlos ou não fossem os pêlos as ervas daninhas da maciez dos jardins.
terça-feira, 13 de março de 2012
segunda-feira, 12 de março de 2012
fura-nos fode-nos faz-nos
soltem-se as borboletas da caixa
deixem-nas, zonzas, voar
como se o tempo fosse demente
e estridente
e carente
assim como voam os mosquitos celestes
as pragas dos cheiros campestres
já que o amor não é docemente
e amar é sempre contra a corrente
com força
com a força da rocha que se agarra ao mar
e do rebanho solto no monte
raízes debaixo
por debaixo
das sete saias da seiva de viver
o amor é um bicho que pica
fura-nos
fode-nos
faz-nos
para não nos deixar morrer.
generalidades atemporais
um casal, quando quer engravidar, esforça-se ao máximo em iteração sexual. curiosamente, este reforço traduz-se em aumento do tempo do resultado positivo.
(não há mistério: a energia sexual, vernácula, é espontânea e não usa cartão de ponto.)
(não há mistério: a energia sexual, vernácula, é espontânea e não usa cartão de ponto.)
domingo, 11 de março de 2012
generalidades atemporais
quando se tem frio, e se pode, mete-se as mãos no meio das pernas.
(não há mistério: a virtude é quente.)
(não há mistério: a virtude é quente.)
o azeite no sapato
já não me lembrava de me chocar com isto, quero dizer com aquilo, de me cruzar com um homem e de fixarmos o olhar e eles, os olhos, irem descendo à procura de mais pontos, os olhos também buscam a completude, e de gritarem socorro! acudam! quando chegaram aos pés. é curiosa a força que uns sapatos azeiteiros, o que categoriza o azeite no sapato é o óleo do cabelo nos pés ou as nódoas no peito de uma camisa ou a conversa desinteressante e ordinária de um cérebro, tem num primeiro impacto quando tudo o que se conhece é o que se vê. e depois, quando aflitinhos, os olhos, começaram a subir à pressa para voltarem a apanhar o comboio do regalo, molície de ver, o homem já não tem ponta por onde se lhe pegue: como se a um olhar de sol, ofuscante, se seguisse uma imensa trovoada com chuva grossa. bem visto, o que eu quero dizer é que há banhadas assim.
sábado, 10 de março de 2012
paradoxo
o universo não gira à minha volta.
(o que não o impede de se cagar todo mesmo em cima de mim)
(o que não o impede de se cagar todo mesmo em cima de mim)
sexta-feira, 9 de março de 2012
lógica e emoção
os homens são, na generalidade, racionais e as mulheres são, cada vez menos, cada vez mais uma minoria, emotivas. e a lógica, a voz da razão, é uma derrubadora, uma vencedora. e a vida é, em deserto de emoções, logicamente uma campeã que esconde e manipula a verdade. importante mesmo é completar a lógica com a emoção. um homem de cinquenta anos e uma mulher de vinte apaixonam-se. passa tempo.
o homem, pura lógica, diz que o que está a acontecer é que, na verdade, ambos têm quarenta anos porque ela, com a sua jovialidade, fá-lo sentir-se dez anos mais novo e ele, pela sua sabedoria, fá-la sentir-se dez anos mais velha. a verdade, a do amor, a única que conta, está a ser escondida com absoluta lógica verdadeira.
ela. já ela diz, simplesmente, que se amam.
quinta-feira, 8 de março de 2012
quarta-feira, 7 de março de 2012
oitenta
os olhos são para pôr na mesa: de quatro se faz oito como se o mundo em placenta - não há alegria maior, venham ver, do que deixar o oito e abraçar o oitenta.
um sonho de carcaça
aqui não há desta invenção: o molete é pequenino e tem de se comer dois ou três para saciar o papo. nas carcaças deve caber um ovo estrelado, sem ser encolhido, como se a exibir a cauda do céu. e uma fatia de fiambre inteira a servir de tapete rosado e mais duas de queijo a derreter-lhe, ao miolo, o coração. que maravilha.
terça-feira, 6 de março de 2012
da chávena e do prato
dizia-me ela, na cozinha dele, que faz um esforço de vez em quando: a conjugalidade não lhe faz qualquer sentido, duas camas à moda de hotel é o ideal; o ressonar, o mexer, o hálito da boca de cima (e de baixo), os pêlos curtos e redondos no chão, o cheiro da urina; a roupa suja, o jantar diário. haver, portanto, toda uma separação de males e restar os momentos bons, os que considera bons, que se resumem, bem visto, ao sexo visto que o Q. não é homem de conversas- tampouco de boas conversas. e se ele pensa igual, digo eu a avaliar pelo que vejo, no nojo que lhe mete ver o corrimento nas cuecas dela; o varejo que ela lhe faz quando se levanta enquanto ele ainda dorme e o barulho do secador a entrar pelos lençóis; os pensos higiénicos enrolados no balde umas vezes durante o mês; o que tresanda quando abre a tampa da sanita como se comesse rosas, ele, e ela ovos podres com açucar.
objectos. não passam de coisas, de duas coisas, que se esfregam uma na outra em troca de uns ais sonantes e talvez muitas vezes fingidos, as mulheres-objecto que utilizam homens-objecto costumam fingir essas coisas para ficarem com o argumento dos momentos bons activo, e que servem de despeja-colhões mais ou menos certas e estáveis. que deserto de auto-estima , senhor dos amarrados.
(ora se o que é importante começa depois do sexo e o sexo só faz sentido ascendente com importância concluo, então, que se alguns sexos verbalizassem pensamentos diriam o seguinte dos seus cérebros: tens um qi típico de anedota, da relé ordinária, da chávena e do prato - ai filha tens um cu tão quente. deprimente, miserável, penoso, decadente. oh! lord!)
segunda-feira, 5 de março de 2012
memória do entroncamento
o hospital maria pia vai encerrar. tenho uma memória bem nítida lá e uma outra associada que não sei explicar: a minha primeira consulta oftalmológica, em olhos alternadamente tapados e letras a verbalizar em alta voz, e, depois, a tal memória do entroncamento em que passávamos, eu e a minha mãe, por uma casa de banho pública e dizia-me ela que o George Michael tinha sido flagrado a fazer sexo oral a um estranho em uma. é mesmo estranho, isto, visto que, por essa altura, às tantas o gajo ainda nem sequer gostava de lamber pilas sem rosto em cenário de urinol peçonhento.
canta para espantar os males da consciência, o filho da puta.
quem sou eu para julgar quem quer que seja - mas tenho uma, não mera mas forte, opinião baseada na minha intuição: o Paco Bandeira é um grande, enorme, filho da puta culpado pela morte rápida da primeira mulher e da quase morte lenta da segunda. só um grande, enorme, filho da puta culpado sorri perante tal acusação e canta bem a vida como se com vida desse o bem a viver.
domingo, 4 de março de 2012
em tule
como é belo o véu na geometria do losango.
os véus, em tule esculpidos, são sempre belos
ai! como ela sabe!
assim como sabe que as linhas da vida não são rectas
misturar losangos com véus
sabor de doçura esperta
estampada nas portas.
venham ver a costureira das rendinhas do amor
em losango de tule - ou seda ou cetim
ou até em algodão de traje, que importa, se amar não é ultraje?
amar é que é festim.
os véus, em tule esculpidos, são sempre belos
ai! como ela sabe!
assim como sabe que as linhas da vida não são rectas
misturar losangos com véus
sabor de doçura esperta
estampada nas portas.
venham ver a costureira das rendinhas do amor
em losango de tule - ou seda ou cetim
ou até em algodão de traje, que importa, se amar não é ultraje?
amar é que é festim.
sábado, 3 de março de 2012
generalidades atemporais
quando perdemos alguma coisa que nos faz falta empreendemos todos os esforços para encontrá-la e, paradoxalmente, quando a encontramos já não precisamos dela.
(não há mistério - não precisamos porque já a substituímos)
sexta-feira, 2 de março de 2012
queques mulatos
ingredientes para dez queques:
100 g de margarina
150 g de açúcar
3 ovos
1 colher de sopa de cacau em pó
3 colheres de sopa de leite
150 g de farinha
1 colher de sobremesa de fermento em pó
100 g de margarina
150 g de açúcar
3 ovos
1 colher de sopa de cacau em pó
3 colheres de sopa de leite
150 g de farinha
1 colher de sobremesa de fermento em pó
bater a margarina com o açúcar até se obter um creme esbranquiçado e juntar os ovos inteiros, um a um, continuando a bater. entretanto adicionar o cacau, previamente dissolvido no leite, misturar bem e, finalmente, juntar a farinha peneirada com o fermento. é tempo de encher, com a massa, caixinhas de papel frisado, até 2/3 de altura, e levar ao forno que já deve estar moderadamente quente (180º C) durante cerca de 25 minutos.
mete o palito e vê se já sai limpo. sim? então polvilha com açúcar e ataca com alegria. e a banda sonora pode ser esta:
dicefalia
a palavra do dia do priberam é dicéfalo e vem mesmo a calhar: o mundo está cheio de monstros com duas cabeças como se cada cabeça fosse a representação de dois opostos que orgulhosamente fazem questão de exibir ou esconder. o caso mais flagrante de dicefalia que tenho vindo a observar nos últimos tempos, por evidência de factura, cabe no homem que faz a contagem da luz.
quinta-feira, 1 de março de 2012
começo de fim
três meninas e um menino, todos com dez anos de idade, barafustam uns com os outros: elas defendem-se entre si e ele tenta defender-se delas que, aguerridas, exaltam a rudeza do rapaz que lhes oferece porrada e as insulta. pergunto-lhe se há alguma razão pertinente para o fazer. responde-me que as raparigas são burras e que o irritam. pergunto-lhe se pelas mesmas razões o faria com os seus colegas e diz-me, por saber que seria sovado, que não. pergunto-lhe se tem irmãs e como reagiria se as visse serem agredidas daquela forma - diz-me que não. sento-o no meu colo e trato-o como a um bebé que não tem consciência: envergonha-se nitidamente. depois faço com que me olhe nos olhos e volto a questioná-lo: gostavas de saber, ou de ver, que o teu pai bate na tua mãe quando simplesmente não concorda com ela ou acorda mal disposto? deita os olhos ao chão e diz-me que não. faço-o repetir que não voltará a comportar-se como um búfalo raivoso com as colegas e pede-lhes, por iniciativa própria, desculpa.
parece-me um bom começo de fim, aos dez anos, perceber o monstro que há dentro dele.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
C.Ronaldo: técnico de ac.
por insistência andei, um dia destes, de metro pela primeira vez e confirma-se: o ar sem renovação, sufocantemente respirado e partilhado por que dezenas de outras pessoas, muitíssimo condicionado é de uma porcaria pegada que não tenciono repetir. que nojo. arrisco dizer que o ar está para o metro como o outro, o do ai se te pego, ai ai se te pego, está para a música. depois, no fim, vai-se a ver e o C. Ronaldo não passa de um técnico de ac.
( uma corrente de ar, tão bom)
janelas. dunas. janelas-dunas. o mundo precisa - não de casulos de bactérias, ora em silêncio ora sonoras - de arejamento natural e ventilação constante.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
o meu gorilinha amoroso
não é agradável sermos perseguidos por alguém, por um homem, num carro qualquer, durante quilometros a fio. sinais de luzes, sinais de mãos, sinais de boca - tudo sinais que muito mais do que nos levarem ao medo, levam-nos à vontade descontrolada de parar o carro e sair e usar e inaugurar, finalmente, o bastão de madeira maciço pousado mesmo ali ao lado do travão de mão. controlar a vontade, cantar para espantar o medo e prosseguir até à casa de uma amiga. estacionar à porta e sermos confrontados com o perseguidor cuja teimosia prevalece. algumas palavras furiosas e uma simulação de ligação à polícia fazem com que se afaste. mas chegar a casa e, sem contar, ver o king kong a dançar no carnaval do rio faz milagres: o milagre do gorila, tão lindo, amoroso, num esgar contagiante de contentamento e alegria. viva o king kong qu'adoro!
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
e se...
a academia não tivesse decidido, em 1950, que os óscares não podem ser vendidos a terceiros, estou certa que os europeus, em assaltos, lhes chamavam um figo. talvez por essa razão a designação viesse a ser alterada para cerimónia dos figos e um novo título sugerido para melhor película de anos vindouros pudesse vir a ser "e tudo os figos levaram". também o peso e altura passariam a ser inferiores: um quilo em vez de quatro para dez cm dos trinta e três actuais. o figo leve e dourado passaria a valer, não duzentos dólares, vinte euricos. e quem reunisse uma dezena deles poderia dizer que tem uma cesta de figos em casa.
(que maravilha de alusão à fruta que é, mesmo ali debaixo da árvore, de arrancar, abrir e lamber.)
domingo, 26 de fevereiro de 2012
da completude
“O fim da arte superior é libertar” ? sou eu quem coloca a interrogação ao dito de Pessoa, tema escolhido para dar o mote da segunda mesa do Correntes d’Escritas na Póvoa de Varzim. faço um balanço do que foi dito e reconheço a superioridade da ideia de que não importa se a arte é uma forma de libertação mas, antes, uma forma de liberdade. é que este segundo apontamento é bem mais abrangente e, englobando necessariamente o primeiro, completo. não tivesse eu o vício, talvez estranho e dificilmente feliz, da completude.
visão com falta de ver
o que têm em comum estes óculos e estes é, precisamente, uma visão de futilidade necessária.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
ao fundo achados
o alto minho é o local ideal para fazer da existência das cabras e das vacas um negócio, não para a indústria das carnes ou dos lacticínios ou das peles, a fundo perdido. nem sei bem se esta designação, tão certeira, ainda se utiliza. talvez não porque as gentes não gostam de ver a descoberto aquilo que realmente são. e são fundos, de facto, os que são aprovados para pastos perdidos - pastos que não tendo outro objectivo que não a sussessiva capitalização de capital sem sequer haver um mísero investimento em vedações e limitação do espaço - sim, tudo tem de ter um espaço para respirar se entendermos respirar como evolução e não mero movimento de manutenção - para o efeito. entristeceme, e escrevo tudo junto à espanhola para ter mais força, a ganância e o viver de bolso. e se eu pudesse, passava a seguinte mensagem a cada vaca e a cada cabra dos montes: coices e cornadas sem parar nas vidas de bolso até perceberem que o mundo precisa, ao fundo achados, de vidas nas mãos e nos pés, dos corações.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
as orelhas da branca de neve
excelente post do Zé António. sabe-se que os contos de fadas têm profundas interpretações freudianas e junguianas para explicar o inconsciente colectivo. e o pormenor da orelha, que tão bem nota, pode ser explicado como uma sátira: a madrasta, uma bruxa perdida, por estar presa à vaidade, anda na busca da beleza eterna, enganada quanto à natureza do “Elixir da Longa Vida”. pode ser que seja uma espécie de sátira invertida que lhe interessa, à orelhuda, conservar. digo eu.
rei e rainha
de tempos a tempos recortado, mais e mais, segue o rio para o mar - mas é na foz, entre carícias e deleite, que os fluidos molhados de fundem: até poderia ser gay, o douro, beleza de ser igualmente garantida, mas é dela, da foz, rei: e faz dela a sua rainha.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
empanadilhas de atum em sorrisos: já está.
para fazer a massa colocar a farinha e a manteiga, previamente cortada, aos cubinhos ou noutra forma mais gira ou mais prática, numa tigela; misturar com a ponta dos dedos até a massa se misturar; juntar os ovos e a água aos poucos e amassar até ficar em bola. deixar a reservar no frigorífico, por trinta minutos, dentro de uma tigela polvilhada de farinha.
enquanto se aguarda o sono da massa, refoga-se o atum e as delícias com cebola, alho, tomate, salsa e delícias do mar - tudo bem temperadinho para servir de recheio.
nos entretantos, retira-se o tabuleiro do forno e polvilha-se com farinha enquanto o forno vai aquecendo a 180ºC - ou se fôr numa forma de silicone, melhor, não é preciso polvilhar (o silicone não arde porque se ardesse havia muita mama a arder).
finalmente, estende-se a massa com o auxílio de um rolo na bancada polvilhada de farinha e cortam-se tiras compridas (ou discos caso prefiram em forma de rissóis). depois é só dividir o recheio de atum e delícias pelas tiras de massa e pincelar as bordas com leite e fechar em rectangulos, pressionando-as com os dentes de um garfo para unir e decorar.
colocar as empanadilhas no tabuleiro, pincelar com a gema batida, e levar ao forno por quarenta minutos, a 180ºC. depois, é só deixar arrefecer para os sorrisos darem uma trinca.
Ingredientes:
enquanto se aguarda o sono da massa, refoga-se o atum e as delícias com cebola, alho, tomate, salsa e delícias do mar - tudo bem temperadinho para servir de recheio.
nos entretantos, retira-se o tabuleiro do forno e polvilha-se com farinha enquanto o forno vai aquecendo a 180ºC - ou se fôr numa forma de silicone, melhor, não é preciso polvilhar (o silicone não arde porque se ardesse havia muita mama a arder).
finalmente, estende-se a massa com o auxílio de um rolo na bancada polvilhada de farinha e cortam-se tiras compridas (ou discos caso prefiram em forma de rissóis). depois é só dividir o recheio de atum e delícias pelas tiras de massa e pincelar as bordas com leite e fechar em rectangulos, pressionando-as com os dentes de um garfo para unir e decorar.
colocar as empanadilhas no tabuleiro, pincelar com a gema batida, e levar ao forno por quarenta minutos, a 180ºC. depois, é só deixar arrefecer para os sorrisos darem uma trinca.
Ingredientes:
Massa:
700 g de farinha de trigo
250 g de manteiga (ou de margarina vegetal)
2 ovos
1 dl de água
2 colheres (sopa) de leite
1 gema
farinha q.b.
Recheio:
4 latinhas de atum ao natural (aproximadamete 500 g)
700 g de farinha de trigo
250 g de manteiga (ou de margarina vegetal)
2 ovos
1 dl de água
2 colheres (sopa) de leite
1 gema
farinha q.b.
Recheio:
4 latinhas de atum ao natural (aproximadamete 500 g)
delícias a gosto
4 tomates maduros
1 cebola pequena picada
2 dentes de alho picados
salsa picada q.b.
sal & pimenta
4 tomates maduros
1 cebola pequena picada
2 dentes de alho picados
salsa picada q.b.
sal & pimenta
azeite
que vergonha de justiça
um sem abrigo é condenado à prisão por ter roubado um polvo e um champô. e o avô que matou o pai da neta, arma numa mão e criança na outra, está a aguardar julgamento em casa e a viver com a neta que por sua vez vive com o assassino do pai. e os avós paternos da neta não a vêem desde que o avô materno matou o seu filho, pai da neta. ao avô assassino calhou-lhe o brinde do bolo-rei: matou o genro que odiava e ainda ficou a viver com a sua filha. e agora, o avô assassino está em assassinato contínuo e diário da memória do pai da neta por ser ele a figura paterna que vive com ela. que vergonha que eu sinto por não poder fazer nada.
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