sexta-feira, 1 de março de 2013

parteiros

houve uma coisa que me fez sumariar uma outra coisa: o que nos marca realmente? e, sem ser surpresa, uma conclusão surpreendente - pouca coisa nos marca apesar de acharmos sempre que os anos de vida em frequência acumulada é que valem. é nada disso, marca-nos aquele excerto do livro (nem sequer é o livro inteiro), aquela música, aquelas palavras daquela boca ou daqueles olhos; marca-nos aquele sorriso ou aquele choro - o olhar do filme; marca-nos aquele presente - aquele sentimento. obviamente que ser uma parte do todo não é ser o todo, isto à primeira vista. mas na fantasia, a realidade só pode ter uma leitura fantástica ou estar de pé é sempre, literalmente, andar com os pés para a cova, não será de todo assim: o todo pode ser uma parte na perspectiva da dominância: um livro é-me lindo se se me agarra em uma frase que se descreve; uma música é-me deliciosa se se me prende por um minuto de som ou palavras avassaladoras; o filme, o tal, tem aquele meio mais próximo do início do que do fim com uma narrativa especial; tu podes ser maravilhoso não obstante teres uns pés enormes com os dedos mais tortos do que a torre de pizza - aqui o exercício feito ao contrário.

é assim. o que nos marca é uma espécie de caricatura espontânea que fazemos do que nos chega através dos sentidos. o que nos marca é o que incontrolavelmente sentimos (pensar e falar também é uma parte do sentir); o que nos marca inteiros são as partes. e é por isso que somos inteiros.