finalmente. finalmente. tia, é para te dizer que vim para viana viver com a minha mãe. alegria, tanta, a minha, teria-se evitado tanta dor se nunca de lá tivesse saído. e agora foi preciso que os irmãos do outro lado o tratassem como o orfão bastardo para que a minha irmã percebesse que tem o dever de o ter sempre por perto. o Afonso não é bastardo, e ainda que fosse, tem direiro a parte da herança do pai como os outros irmãos. irmãos? irmãos não enganam nem traem nem maltratam - ou pelo menos não deveriam ainda para mais sabendo da sua doença.
mas enquanto rebentava na boca dois ovos, adoro, um nunca me chega, lembrei-me de uma coisa. quando são mães as mulheres perdem os desejos porque passam a desejar tudo para os filhos, aquelas que amam os filhos, claro. e então, como nunca pari mas sempre tive filhos, nunca perdi os meus desejos porque o que sempre dei aos outros não deixei que interferisse com os meus desejos que arrecadei, fui arrecadando, intocáveis. porque os meus desejos são ele.